O correspondente da Rádio Mundo Real na Costa Rica, Henry Picado (integrante de COECOCEIBA – Amigos da Terra Costa Rica), entrevistou dois integrantes da comunidade keköldi. Uma medida cautelar da Promotoria de Bribri, em Talamanca, proíbe agora que as famílias desalojadas voltem para suas casas e trabalhem em seus cultivos. O governo da Costa Rica gaba-se de ser defensor dos direitos humanos, mas viola de forma sistemática o Convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que reconhece o direito indígena à autonomia territorial, denunciam os habitantes da comunidade keköldi.

Uma das integrantes dessa comunidade, Norma Luz Segura Pino, denunciou o maltrato e as agressões que sofreram o dia do desalojamento. Outro dos moradores prejudicados, Jacó Mayorga Mora, disse que apesar de as terras em disputa terem sido reconhecidas pelo Estado como território indígena em 2001, depois foram leiloadas e compradas por Mastronei, sabendo que era um ato ilegal. “Nós, indígenas somos os verdadeiros donos das terras há gerações”, disse. “Eles (a Promotoria de Bribri) dizem que nós desmatamos, quando para nós, a Terra possui um valor incalculável”, acrescentou.

A organização Talamanca Pela Vida e Pela Terra, que trabalha com os indígenas locais, expressou sua solidariedade com a comunidade keköldi nesta luta em defesa de seu território. Além disso, várias comunidades indígenas fizeram o mesmo para pressionar o governo nacional e devolva as terras a seus habitantes tradicionais. “Este tipo de eventos não é novo, já não queremos continuar sendo maltratados, queremos viver em paz em nossas terras, exigir o que é nosso, creio que como pessoas temos o direito a ser escutados e respeitados”, disse Mayorga.

Foto: Henry Picado.