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7 de julio de 2010 | | |

Grades para a verdade

Costa Rica criminaliza o protesto social e leva à cadeia ativistas que denunciam depredação de recursos

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O país tico é apresentado ao mundo como modelo de democracia. Seu regime que prescinde do Exército é habitualmente colocado como exemplo. No entanto, a repressão na Costa Rica não precisa de uniformes, e, ao invés disso, utiliza a toga judicial para silenciar as denúncias.

Neste dia 9 de julho um lutador pelos direitos ambientais será colocado no banco dos réus pelo simples fato de ter denunciado a monocultura de abacaxi como contaminante de recursos aquáticos, atingindo assim, várias comunidades rurais.

A denúncia foi apresentada pela Hacienda Ojo de Agua contra Carlos Arguedas Mora, a municipalidade de Siquirres, o terceiro cantón da província de Limón.

Arguedas, um ambientalista e sindicalista com muitos anos de ativismo tem escrito num blog dedicado a denunciar as tentativas por criminalizar o protesto que “esta ação legal não é mais do que a intenção da empresa Hacienda Ojo de Agua de sair livre de um dano tão grave que tem feito à comunidade”.

“Como ser humano, como cristão e como pai de família, não estou em condições de permitir que esta empresa fique impune diante de tanto dano à comunidade”, indica Arguedas em sua carta às comunidades de El Cairo, Luisiana e La Francia.

O site denuncia também a metodologia utilizada pelo Estado e as empresas com interesses criados contra aqueles que resistem essas políticas: “estudantes, trabalhadores, trabalhadoras, camponeses, camponesas, indígenas, BGLT (grupos bissexuais, de lésbicas, travestis, etc.), desempregados, desempregadas... são objeto de censura e criminalização de suas mensagens e ações”.

A 48 horas de enfrentar as acusações na audiência judicial, Carlos Arguedas dialogou com Rádio Mundo Real, ratificou suas denúncias e explicou as estratégias empregadas pelas comunidades atingidas para obter água potável.

A expansão do cultivo de abacaxi–e também de banana- é um problema em todo o território tico, mas pior na província de Limón, com uma temperatura média anual de 29ºC e condições ideais para esse cultivo fortemente transnacionalizado.

Conforme o site nacion.com, na última década esse cultivo tem sofrido uma expansão violenta, aumentando quanto a área utilizada em 300 porcento. A utilização intensiva de agrotóxicos tem prejudicado às comunidades que tiveram suas fontes de água envenenadas, como no caso de Siquirres.

O Instituto Regional de Estudos de Substâncias Tóxicas da Universidade Nacional realizou estudos desde 2003 em zonas com o cultivo de abacaxi demostrando a presença de bromacil nas águas superficiais saindo dos campos agrícolas.

Carlos Arguedas indica que o governo não tem atendido à demanda de declarar a situação na zona, de emergência nacional e rejeita a possibilidade de uma conciliação, como tem sugerido a empresa Ojo de Agua.

Foto: www.grain.org

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