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7 de Maio de 2010 | Notícias | Conectando Alternativas IV | Anti-neoliberalismo | Direitos humanos
O caso registrou-se há alguns anos, mas não deixa de ter atualidade. Entre outras coisas porque as organizações Attac Suíça e Multiwatch denunciarão o gigante agroalimentar Nestlé por práticas de espionagem contra militantes sociais europeus ao Tribunal Permanente dos Povos, a ser realizado em Madri, capital espanhola, dias 14 e 15 de maio.
É que a justiça nunca chegou a se expedir sobre este escândalo -que alguns batizaram como o “Nestlegate”-, e que tomou estado público em 2008 depois de uma pesquisa da televisão francesa, que recolheu depoimentos policiais onde se admitem as infiltrações.
Ali soube-se que pouco antes de uma cúpula do G8 realizada em 2003, executivos da Nestlé contrataram agentes da empresa de segurança Securitas para que se infiltrsse na organização Attac –sigla que identifica à Associação por uma Taxa sobre as Transações especulativas para Ajuda aos Cidadãos-, que naqueles dias preparava um livro crítico sobre a Nestlé, uma das multinacionais mais questionadas do planeta por suas violações aos direitos sindicais.
Conforme o relatório que será apresentado ao TPP, a agente sob o codinome de Sara Meylan espionou Attac de agosto de 2003 até junho de 2004, e estima-se que a corporação pagou cerca de 65 milhões de euros a Securitas, que sempre tem agido em vínculo estreito com a polícia helvética.
Os integrantes do grupo infiltrado lembram a agente como uma simpática jovem que chegou ao local da ATTAC para se oferecer como colaboradora, mas que pouco depois elaborava completos relatórios sobre os perfis ideológicos dos outros ativistas. “Nunca queria aparecer nas fotos”, lembrou um de seus colegas, no relatório televisivo que comprovou os vínculos entre a Nestlé e Securitas.
As organizações denunciantes lembram que a infiltração foi realizad num contexto de forte luta contra a privatização dos recursos, a super-exploração da água e a violação de direitos sindicais trabalhistas por parte da Nestlé.
Naqueles dias criticava-se a atividade da multinacional no Parque de Aguas da cidade brasileira de São Lourenço, no estado de Minas Gerais, que finalmente foi fechado em 2006. Um dos referentes dessa luta cidadã, Franklin Frederick, aparece mencionado várias vezes nos relatórios da agente infiltrada por Securitas.
Outro caso paradigmático dos abusos da Nestlé é a histórica luta do sindicato colombiano Sinaltrainal, pioneiro nas denúncias das violações de direitos trabalhistas na Colômbia por parte do gigante alimentar europeu.
A multinacional de capitais suíços está presente nos cinco continentes, e só na América latina tem 76 fábricas. Em diversos relatórios da sociedade civil internacional, Nestlé tem liderado os rankings das empresas mais irresponsáveis em matéria social e ecológica.
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