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30 de Setembro de 2010 | Notícias | Direitos humanos
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A imagem de pneus incendiados nas ruas do Equador, cercados de oficiais de polícia que gritavam frases como “nem um passo atrás” e “a tropa, unida, jamais será vencida”, sacudiu esta manhã ao país sul-americano: ali, os policiais decidiram iniciar uma paralização de seus serviços em repúdio à Lei de Serviço Público, devido a que estipula a eliminação das bonificações econômicas associadas às condecorações e os bonos.
A medida, realizada em todo o país, levou ao fechamento do aeroporto Mariscal Sucre -supostamente para evitar a partida do presidente Rafael Correa- e provocou bloqueios de várias estradas. A suspensão de suas tarefas provocou uma onda de saqueios e roubos a comércios e bancos.
Desde cedo, conforme o veículo CRE Satelital Ecuador, cerca de 800 polícias reuniram-se a principal base de toda a Polícia, o Regimento Quito Nº 1, que é ainda lugar de armazenagem das munições.
Ali esteve o presidente Correa, que conseguiu vencer as resistências policiais e entrar no regimento, onde deu um encendido discurso aos oficiales em protesto.
Correa indicou que durante seu governo os policiais haviam mais do que duplicado seus salários, e que tirar os benefícios que queriam manter os policiais, tinha a ver com equiparar os salários e benefícios que recebem os funcionários públicos.
Referindo-se ao aumento de orçamento para polícia nacional, o presidente indicou: “sabemos que não temos podido solucionar todos os problemas, mas estamos solucionando eles”. Acrescentou que seu governo estava lutando pelo bem comum, e afimou: “lutem por coisas que vale a pena lutar”.
Diante de gritos de ordem dos oficiais, que diziam “Isso disse Lucio” -referindo-se ao ex-mandatário equatoriano Lucio Gutiérrez, presidente até 2005- Correa respondeu que era ele, um dos conspiradores por trás do protesto, que estava disfarçando uma tentativa de golpe de Estado.
“Senhores da imprensa, ai têm a resposta a tudo o que está acontecendo, as conspirações que temos anunciado há tempos”, disse o mandatário, que abriu a camisa e gritou à multidão que podiam assassiná-lo si queriam fazê-lo, mas que seu projeto não se deteria com a sua morte.
“Se querem destruir a pátria aqui está, destruam ela, mas este presidente não dará nem um passo atrás. Viva a pátria”, concluiu.
Ao terminar seu discurso, Correa foi atacado por alguns policiais, tendo que ser hospitalizado de urgência no Hospital da Polícia. Ali, em comunicação com a rádio pública de seu país, falou da possibilidade de decretar o Estado de Emergência, repetiu que o projeto de país que havia iniciado não se deteria, e disse que alguns policiais estavam tentando entrar à força ao lugar onde estava.
“O máximo que posso perder é a vida”, voltou a dizer, enquanto desde seu governo era feito um chamado público à mobilização para apoiar a democracia e proteger a integridade física do presidente.
Enquanto os partidos da oposição aproveitaram o momento para pedir a renúncia de Correa, milhares de pessoas se reuniram na capital, Quito, para expressar apoio a sua gestão. O protesto policial não tem sido apoiada nem pela cúpula da Polícia nem pela das Forças Armadas, que disseram apoiar o Estado de Direito e respeitar a investidura do presidente.
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