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31 de Maio de 2010 | Notícias | Indústrias extrativas
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Cerca de 30 pessoas de várias organizações sociais, dentre elas Amigos da Terra Europa, fizeram na quinta-feira uma ação defronte à sede do Banco Mundial em Bruxelas, Bélgica, para exigir que deixe de financiar projetos energéticos com base em combustíveis fósseis. Os ativistas rejeitaram especialmente o empréstimo de 3,75 bilhões de dólares que a entidade concedeu à estatal energética sul-africana Eskom, para a construção de uma das maiores usinas à carvão do mundo.
A manifestação, onde participou também a Amigos da Terra França, foi realizada instantes antes de o Banco Mundial iniciar uma consulta pública sobre sua estrategia energética, onde compareceram organizações e movimentos sociales, mas também banqueiros, autoridades da União Européia e representantes do setor industrial, entre outros.
O banco utiliza “palavras muito bonitas em suas declarações”, disse à Rádio Mundo Real David Heller, da Amigos da Terra Europa, referindo-se a que instituição se apresenta como “sustentável”. Mas “tem outras prioridades quando decide em que investir”, acrescentou o ativista, que esteve na ação da quinta-feira.
O Banco Mundial tem uma importantíssima carteira de créditos para investimentos em projetos de geração de eletricidade através da utilização de combustíveis fósseis, principalmente carvão. De 2007 a 2009 o banco aumentou em 22 porcento seus investimentos nesses combustíveis, conforme o Bank Information Center. Desde 2007 a entidade tem concedido 6,6 bilhões de dólares para o desenvolvimento energético com carvão em várias partes do mundo.
Assim, em abril o Banco Mundial aprovou o empréstimo de 3,75 bilhões de dólares a Eskom para a construção da usina elétrica à carvão de Medupi, na localidade sul-africana de Lephalale, província de Limpopo. Mais de 165 grupos da sociedade civil e vários governos rejeitaram o empréstimo.
Conforme organizações ambientalistas Earthlife África Johannesburgo e GroundWork Amigos da Terra África do Sul, a usina emitiria cerca de 30 milhões de toneladas de dióxido de carbono por ano, em momentos em que a humanidade precisa reduzir drasticamente as emissões contaminantes que provocam a grave crise do clima.
Relacionado com este ponto, Heller chamou a atenção sobre o papel que tenta jogar o Banco Mundial no debate internacional sobre clima. O banco procura se posicionar “como um ator central” e tenta “controlar os fundos internacionais para os projetos de adaptação e mitigação” da mudança climátic, além de continuar promovendo as suas próprias bolsas de fundos para projetos que são apresentados como sustentáveis e “verdes”.
O ativista explicou que se trata de uma simples “fachada” da entidade, que em troca continua com sua linha histórica como instituição financeira internacional, com um péssimo histórico ambiental, delimitado por sua vez pelas decisões de seus acionistas: os governos.
Heller lamenta o fato de não se apostar por projetos energéticos locais e baseados em fontes renováveis, ao tempo que manifestou que se continuará pressionando o Banco Mundial e denunciando à população seu financiamento de projetos contaminantes.
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