18 de agosto de 2010 | Informes especiales | Foro Social de las Américas 2010 | Anti-neoliberalismo | Derechos humanos
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“Avançamos na busca de outro paradigma centrado na igualdade, no bem viver, na soberania e na integração fundamentada no princípio da solidariedade entre os povos”, afirmaram no domingo os movimentos sociais latino-americanos a vários presidentes da região, no encerramento do IV Fórum Social Américas em Assunção, Paraguai.
“Construímos alternativas que partem do que é acumulado nas resistências a partir da interrelação de diversas perspectivas anti-capitalistas, anti-patriarcais, anti-coloniais e anti-racistas”, disseram em outro trecho da declaração final, no ato realizado no domingo no Ginásio do Conselho Nacional de Esportes.
Cerca de 10.000 pessoas participaram do fórum que havia iniciado no dia 11 de agosto na capital paraguaia com diversas atividades e representantes de redes sociais principalmente latino-americanas.
A Via Campesina, que esteve presente em Assunção com a delegação maioritária, a Convergência de Movimentos Populares das Américas, Amigos da Terra, várias organizações da Aliança Social Continental, entre outras, foram algumas das redes presentes no fórum, reunidas na Assembléia dos Movimentos Sociais.
Ao ato final foram convividados presidentes do Paraguai, Bolívia e Uruguai, Fernando Lugo, Evo Morales e José Mujica respectivamente, que antes de fazer uso da palavra ouviram de representantes dos movimentos sociais as conclusões de seu encontro.
O texto começa dizendo: “ reafirmamos nossa solidariedade e compromisso com o povo paraguaio perante a urgente necessidade de avançar em seu processo de mudanças profundas rumo à recuperação da soberania de seu território, bens comuns, recursos energéticos, à concretização da reforma agrária e à democratização da riqueza”.
As redes consideram o avanço das lutas sociais na América Latina e as consequêntes vitórias políticas, ao tempo que reconhecem que a direita está se “rearticulando aceleradamente para deter qualquer processo de mudança”. “Denunciamos a ilegitimidade do presidente de facto de Honduras, Porfirio Lobo”, dizem nesta linha, ao tempo que reconhecem a resistência do povo hondurenho e apóiam sua luta “por uma refundação constitucional que instaure uma verdadeira democracia”.
“Solidarizamo-nos com a luta do povo do Haiti, que não precisa de uma intervenção militar e uma ocupação econômica para ser reconstruído”, acrescentam.
Uma parte da declaração final do IV Fórum Social Américas destaca por sua vez a luta ambiental dos movimentos sociais da região. “A defesa dos bens naturais frente ao capitalismo devorador, tornou-se um ponto central na agenda de luta de, cada vez mais, organizações populares e movimentos sociais”, indica. Depois expressa que “se reforça uma frente comum contra a destruição da natureza e contra as falsas soluções do ’ambientalismo de mercado’ e do ’capitalismo verde’, como os mercados de carbono, os agrocombustíveis, os transgênicos e a geoingenharia”*.
Todas as vozes
Por sua vez, o presidente uruguaio foi o encarregado de iniciar a vez dos presidentes. Disse que “atrás de nós, percebamos ou não, existe uma civilização ocidental e agressiva que tem definido uma forma de democracia como a única possível no mundo”. Mujica afirmou que “não há um modelo, a luta é por múltiplos modelos, porque existem múltiplos povos, raças, religiões, formas de pensar, e a verdadeira luta é aprender a conviver sem agredir os outros”. O mandatário defendeu a diversidade e reconheceu que a América Latina é uma região “desconjuntada” porque “não podemos ainda fundar a nação”.
Logo foi a vez de Evo Morales, que considerou que a nova bandeira de luta dos povos da América e do mundo é a defesa da mãe terra e da vida contra o capitalismo.
Morales expressou seu convencimiento de que agora “se faz a revolução com a consciência, com o voto, para fazer profundas transformações na América Latina e o mundo, uma revolução democrática”. Manifestou que os fóruns sociais são “uma grande escola, para nós e para vocês, mas fundamentalmente uma grande escola, uma lição ideológica, cultural e programática para as novas gerações”.
Após a Cúpula Mundial dos Povos sobre Mudança Climática e os Direitos da Mãre Terra, realizada em abril na cidade boliviana de Cochabamba, o governo apresentou as suas resoluções às Nações Unidas e pressionou para que fossem levadas em conta.
Morales também falou do assunto em Assunção. “Ao invés de pensar em salvar a vida, reduzindo suas emissões de gases de efeito estufa, o capitalismo está pensando em salvar e ampliar seus negócios com o mercado de carbono, particularmente vinculado com nossas florestas”, afirmou Morales. “Ao capitalismo não lhe interessa a vida, não lhe interessa o planeta terra nem a humanidade”, acrescentou.
O presidente boliviano reivindicou as resoluções de Cochabamba, como a necessidade de limitar o aumento da temperatura a um grau centígrado, que os países industrializados reduzam suas emissões contaminantes em mais de 50 porcento para 2017 (em realação a 1990), e que não sejam criados novos mercados de carbono. O chamado “Acordo dos Povos” de Cochabamba defende os direitos da mãe terra, dos povos indígenas e os direitos humanos em geral, demanda a instalação de um Tribunal Internacional de Justiça Climática e que os orçamentos de guerra e segurança dos estados desenvolvidos sejam destinados a enfrentar a mudança climática.
Finalmente, foi a vez de Fernando Lugo, que afirmou que “A construção da unidade latino-americana, da Pátria Grande, da Pátria nossa, que aparecia como um sonho frustrado faz quase dois séculos, hoje está em marcha aqui e agora”.
O mandatário paraguaio considerou que povos e governos da região têm feitos esforços consideráveis para recuperar seus legítimos direitos ao exercício pleno de seus bens naturais. Acrescentou que a luta pela soberania e a integração da regiãon são pilares fundamentais da mudança política na América Latina.
Atravessa-se “um processo de aprofundamento, reafirmação e consolidação de nossa soberania”, disse Lugo. “A recuperação dessa soberania é a única garantia de que o processo de integração vai desenvolver em beneficio dos povos, e não só como tem sido feito antigamente em benefício de grupos privilegiados”, acrescentou. Finalmente sentenciou que “esta integração exige a participação dos movimentos sociais e populares como motor da construção de um modelo econômico, social, meio-ambiental, baseado no respeito aos direitos humanos e à diversidade dos povos”.
Foto: Rádio Mundo Real
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