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31 de marzo de 2014 | | | | |

Confluência de resistências

Feliciano Valencia do Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC), faz uma avaliação da Cúpula Agrária na Colômbia.

A convocatória para uma greve nacional divulgada no dia 17 de março pelas organizações que realizaram a Cúpula Nacional Agrária, Camponesa, Étnica e Popular na capital colombiana, Bogotá, levar em conta a conjuntura atual pela que atravessa o país sul-americano.

Assim como anunciaram os porta-vozes das organizações camponesas, indígenas e afrodescendentes na semana passada no encerramento da Cúpula, a jornada de mobilização nos marcos de um nova greve nacional agrária e popular, seria realizada na primeira semana de maio, caso não haja acordos prévios com o governo de Juan Manuel Santos. Esta data poderia ter uma grande repercussão, considerando que a batalha eleitoral para a presidência (2014-2018) se realizará no dia 25 de maio.

Rádio Mundo Real, através de seu correspondente Danilo Urrea, conversou com Feliciano Valencia, integrante do Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC) para conhecer os detalhes da decisão de voltar à greve, depois de que em agosto de 2013 paralisou durante quase dois meses o país, e deixou clara a repressão que do governo Santos, em mãos do Esquadrão Móbil Antidistúrbios d Polícia (ESMAD), e o Exército Nacional.

Durante a entrevista, Valencia indicou que “esta definição (a convocatória à greve) faz parte de uma série de confluências em termos da reivindicação dos direitos que temos como povo colombiano. É uma confluência de mobilizações, de resistências, de demandas que há muitos anos estamos exigindo do governo”.

Para o líder indígena, a greve representa a unidade em relação à defesa territorial, dos bens comuns, da democracia, a paz e a vida dignas, todos estes assuntos discutidos profundamente durante a cúpula em Bogotá.

“É uma confluência de apostas, pautas, de acordos – não cumpridos-, ,mas apostas que vão além de reivindicações simplesmente econômicas, aqui está em jogo a unidade para construir esse país que tanto temos procurado” disse Valencia.

Em relação aos passos a seguir, o movimento popular colombiano manifesta a necessidade urgente de “descer” às regiões, às ruas, aos bairros populares para fazer funcionar a jornada de mobilização.

Os objetivos da Cúpula Nacional Agrária expressavam a necessidade de atingir uma pauta unitária para a negociação que pode haver entre o poder executivo nacional e seus delegados. Feliciano afirmou: “ganhamos na capacidade de decidir bem, o que queremos negociar. Já não são essas pautas enormes, onde nos perdíamos na própria negociação. São oito pontos que têm a ver com temas estruturais”.

“Temos dito que não vamos parar até o governo cumprir. Se for necessário passarmos dias, semanas, meses e anos, até que cumpram, aí estaremos, não vamos desistir” destacou o dirigente indígena.

Paz?

No dia 9 de março foram realizadas as eleições para o Congresso da República, onde um dos grandes protagonistas foi o partido Centro Democrático, liderado pelo ex-presidente direitista Álvaro Uribe Vélez. A disputa parlamentar permitiu balancear a tendência nacional para a próxima eleição presidencial, onde os principais candidatos parecem ser o atual presidente e o candidato “uribista” (do ex-presidente Álvaro Uribe), Oscar Iván Zuluaga.

A possibilidade da chegada ao poder do uribismo provoca opiniões diversas e contrárias à possibilidade de continuar com o processo de paz que vem sendo realizado em Havana, Cuba, com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Sobre o futuro eleitoral e sob a pretensão de reeleição que tem manifestado Santos, Valencia afirmou: “existe um presidente – candidato, que tem dito que quer fazer a paz. Pois bem, a paz começa cumprindo com o povo. Se não cumprir com o povo, a reeleição para ele não vai ser fácil”.
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