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5 de enero de 2012 | | |

Gerações que iludem

Os jovens nos marcos das negociações de mudança climática da ONU

“Para os jovens em geral a maior preocupação é que teremos que viver com as consequências da inação dos políticos nas negociações do clima”, disse a ativista alemã Susi Hammel, dos Jovens da Amigos da Terra Europa.
“Não é só nossa geração, como jovens também estamos falando em nome as futuras gerações”, acrescentou em entrevista com Rádio Mundo Real no fim da COP-17 das Nações Unidas (ONU) sobre mudança climática, em dezembro em Durban, África do Sul.

Hammel, integrante de BUND – Amigos da Terra Alemanha, esteve trabalhando em Durban como parte da delegação da Amigos da Terra Internacional, e foi a encarregada de coordenar as ações e manifestações onde participou a rede ambientalista durante as duas semanas da COP.

Mas a ativista alemã teve outro papel bem significativo em Durban: ser um dos nexos entre as negociações multilaterais e dezenas de jovens ativistas de justiça climática que se reuniram em Bruxelas, Bélgica, para seguir as tratativas e realizar diversas atividades.

Os Jovens da Amigos da Terra Europa levaram adiante nessa cidade a chamada “Convergência da Juventude Europeia por Justiça Climática”, de 2 a 10 de dezembro, de forma paralela às negociações sobre clima da ONU.
“Durban em Bruxelas”, foi o nome que deram ao encontro de representantes de diversos países, que já é sua segunda edição, já que fizeram o mesmo durante a COP-16 da ONU sobre clima, realizada em 2010 em Cancún, México.

De 30 a 40 ativistas se reuniram desta vez em Bruxelas. Houve representantes dos Jovens da Amigos da Terra Europa, da UK Youth Climate Coalition, de 350.org, entre outras organizações.

Hammel foi um dos pontos de contato em Durban para os jovens que estavam em Bruxelas. Tiveram teleconferências diárias onde os ativistas compartilharam informações, dados, atualizações sobre o desenvolvimento das negociações, preocupações. Na cidade europeia, os jovens fizeram oficinas, manifestações e atividades de formação em diversas habilidades para seu desenvolvimento como ativistas por justiça climática.

“É uma convergência europeia realmente aberta e ampla e o que buscamos é construir um movimento de jovens por justiça climática”, manifestou Hammel em diálogo com Rádio Mundo Real. “Obviamente é um trabalho que vai além da COP. (...) Esta convergência é uma oportunidade muito boa para todos de se encontrarem cara a cara, compartilharem estratégias, planos de ações e ideias de campanhas”, acrescentou.

Para Hammel, os jovens estão preocupados especialmente porque deverão enfrentar “as consequências da inação dos políticos nas negociações de clima”. “Os impactos da mudança climática serão tão drásticos e dramáticos que mudarão nosso sistema de vida completo e essa é uma das maiores preocupações para os jovens. Nós seremos muito atingidos e os políticos que estão negociando aqui (Durban) já não estarão quando esses impactos abalem o mundo”, acrescentou a ativista. “Sempre estamos tentando fazer saber aos políticos que estão negociando também em nosso nome, e não só em representação dos interesses econômicos atuais”, disse Susi.

A ativista disse que se sintiu comovida pelo entusiasmo e a alegria dos movimentos sociais e as comunidades de base africanas na hora das mobilizações, embora suas demandas sejam sobre assuntos preocupantes para toda a humanidade. Também manifestou seu orgulho por ser parte da Amigos da Terra Internacional, que trabalha em defesa das comunidades e povos mais atingidos pelo sistema capitalista neoliberal.

Foto: http://www.flickr.com/photos/durban-in-brussels

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