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16 de noviembre de 2011 | |

Em nome do desenvolvimento

Índia: quando a “empresarização” da agricultura gera vítimas

Na província índia de Orissa, nos últimos anos, cerca de 10 mil camponeses têm cometido suicídio por não poder saldar as dívidas bancárias adquiridas para “modernizar” sua produção, diz Nicholas Barla da Federação para a proteção da água, as florestas e a terra.

Orissa é um Estado situado na costa leste da Índia, na Baía de Bengala, com uma população de cerca de 40 milhões de pessoas. É ainda o Estado mais pobre de toda a Índia.

Desde allí llegó hasta Roma, la capital italiana, Nicholas Barla, para participar das negociações sobre as Diretrizes Voluntárias sobre posse da terra, recursos florestais e pesqueiros que se desenvolveram previamente à 37ª sessão do Comitê de Segurança Alimentar Mundial.

Seu depoimento sobre os efeitos do que poder ser denominado uma segunda “revolução verde” entre os agricultores de Orissa não tem, claro, um final feliz.

Ali, as comunidades camponesas vinham trabalhando conforme as práticas ancestrais, tradicionais, conservando o solo, as sementes, enriquecendo a terra com esterco dos animais.

No entanto, há duas décadas tem começado uma mudança com a introdução de sementes industriais, fertilizantes químicos e pesticidas. “Os agricultores foram induzidos a comprar sementes, fertilizantes e tiveram que utilizar dinheiro, pedindo empréstimos. Lamentavelmente nos últimos cinco ou oito anos cerca de 10 mil campesinos cometeram suicídio por não poder saldar essas dívidas”.

Todo isso, os investimentos, a apropriação de terras e as mudanças no modelo de agricultura favorecendo a questão empresarial ao invés da familiar, “é feito em nome do desenvolvimento”, diz Nicholas.

Orissa é um Estado minerador, no entanto, apesar das 60 reservas de ferro e quase 50 indústrias siderúrgicas presentes, a desocupação é grande e as novas explorações pressionam os camponeses pelo uso de suas terras.

“Não temos segurança alimentar. Nossos direitos à terra estão sendo violados permanentemente”, diz Nicholas na sede da CSA indicando que o debate sobre as Diretrizes Voluntárias “parecem ser muito úteis para nós, para defender nossos direitos, para evitar que as comunidades continuem deixando suas terras para se concentrar na cidade”.

Os grandes investimentos -locais e estrangeiros- em agricultura, bem como a apropriação de terras na Índia, diz Nicholas que integra a Federação para a proteção da água, as florestas e a terra da mencionada província índia, é levada adiante contra as normativas nacionais existentes ao respeito.

“Nossas populações originárias, indígenas, até dez anos atrás, possuíam um bem-estar e auto-suficiência; todo isso tem mudado hoje, dizem, em nome do desenvolvimento. Que desenvolvimento é este?”, pergunta finalmente Nicholas na entrevista com Rádio Mundo Real.

Foto: publictrustofindia.com

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