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4 de noviembre de 2010 | |

Em trânsito

Entrevista com Alejandro Moreano: tendências mundiais rumo à hegemonia e o papel dos movimentos camponeses

Sociólogo e Doutor em História, Alejandro Moreano é um analista claro das tendências que tem gerado a crise capitalista que está causando a implosão de economias europeias, como a grega, e seu efeito dominó nas economias capitalistas centrais.

Este intelectual equatoriano foi um dos oradores no V Congresso da Coordenadora Latinoamericana de Organizações do Campo (CLOC-Via Campesina) desenvolvido em Quito. Sua exposição esteve focada em pensar o mundo a partir da perda relativa de hegemonia dos Estados Unidos.

E dentro desse cenário, em entrevista com Rádio Mundo Real, falou do lugar e do papel dos movimentos sociais e particularmente dos movimentos camponeses.

Decadência histórica dos EUA

A relativa “decadência econômica, mas também -e fundamentalmente- histórica” de Washington muito provavelmente pode levar esse país a gerar novas conflagrações militares, já que, conforme o professor Moreano, os Estados Unidos mantém o controle estratégico sobre o trânsito de mercadorias em escala global e por outro lado, “as guerras o oxigenam”. Eis aqui uma das tendências identificadas por Moreano e sua advertência sobre a crise entre Washington e Teerã.

Uma segunda opção, seria um cenário “multipolar” através de hegemonias regionais. Na América do Sul através do Brasil por exemplo, que segundo ele deve dar passos claros rumo à integração ao invés de estar ocupando um papel de “intermediário” entre a América do Sul e os países capitalistas centrais. “Na América do Sul, nos anos 70 houve passos mais audazes que agora” para a integração considera o intelectual e catedrático da Universidade Andina Simón Bolívar.

Para ele, uma terceira tendência multipolar tomaria como referente não os estados centrais, mas o bloco de nações: UNASUL, a África Subsahariana, etc.

E por último, a tendência dos movimentos sociais, e seu lema “Outro Mundo é Possível” refletida na mobilização universal de 2003 “quando 60 milhões de pessoas marcharam no mundo contra a guerra no Iraque, demonstrando que estava nascendo uma nova força”. No entanto, Moreano coincide em indicar que o processo de fóruns multitudinários “parece estar chegando a um momento de esgotamento”.

Primeiro lugar

Em outra linha de reflexão, Moreano afirma que os camponeses, junto aos migrantes, ocupam um lugar primordial ao enfrentar o processo capitalista, entre outros fatores, pelo processo de fragmentação e diluição do movimento operário industrial urbano.

“Têm sido criadas redes muito importantes, como esta da Via Campesina. A crise civilizatória que vivemos marca uma perspectiva catastrófica e os movimentos camponeses propõem um outro modelo de desenvolvimento econômico e social que pare este enlouquecimento”.

Leitura local

Sobre a “Revolução Cidadã” que se desenvolve no Equador, a partir da presidência de Rafael Correa, Moreano afirma: “Os governos progressistas, em geral, cumpriram um papel fundamental, ao eliminar os piores aspectos do neoliberalismo e resgatar o papel dos Estados, o que faz com que tenham que ser considerados desenvolvimentistas”.

Porém, Moreano acredita que essa fase está cumprida e que é “o momento de escolher o rumo” e a para ele, “Rafael Correa é um exemplo disso”, já que os pontos centrais de seu enfrentamento com os movimentos camponeses e indígenas são as concessões em mineração e a questão da soberania alimentar através do agronegócio e do acesso à terra.

“Se novamente vai ser o mercado mundial o eixo da economia, como é o caso da mineração, que integração vamos ter?”, pergunta Moreano, que critica a existência de compromissos em certo nível do governo com agentes dos agronegócios que são objetivamente inimigos do movimento camponês.

Foto: www.educar.org

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