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26 de octubre de 2009 | | |

Um passo atrás

Uruguaios decidem não apoiar o plebiscito para anular a impunidade

Durante todo o domingo, a imagem das ruas de Montevidéu era praticamente a mesma em todos os bairros: pessoas com bandeiras nas esquinas, onde predominaram as tricolores (vermelho, azul e branco) da Frente Ampla – partido que reúne grupos de esquerda do Uruguai- com cartazes e bandeiras cor-de-rosa, que representavam o voto afirmativo no plebiscito para anular a lei de caducidade da pretensão punitiva do Estado, que assim como o plebiscito sobre o voto epistolar, celebravam-se junto às eleições nacionais.

A lei que pretendia-se anular neste domingo garante a impunidade daqueles que violaram direitos humanos durante a última ditadura cívico-militar uruguaia, de 1973 a 1985. O plebiscito havia sido possível graças a dezenas de organizações sociais, que haviam conduzido uma campanha massiva de abaixo-assinado para que a cidadania se pronunciasse por segunda vez sobre este assunto.

Mas à noite, quando começaram a surgir as primeiras projeções das consultoras de opinião pública sobre o resultado das eleições, as buzinas que se ouviam ainda com força nas ruas foram desaparecendo. Informava-se que nenhum dos plebiscitos havia atingido 50 porcento dos votos, quantidade necessária para ser aprovado. Com uma percentagem apenas superior a 40 porcento, o voto cor-de-rosa, que representava o “Sim” a anulação da lei de caducidade, foi rejeitada pela cidadania.

“A luta pelos direitos humanos é permanente. Desde o ético, esta lei é nula”, disse Luis Puig, integrante da Coordenadora pela Nulidade da Lei de Caducidade, numa conferência que deu esse organismo no domingo, depois de que se soubessem os resultados.

Puig destacou mesmo assim que o voto cor-de-rosa obteve um grande apoio da cidadania, e que o resultado não queria dizer que o povo uruguaio apoiasse a tortura. “De nenhuma maneira baixamos os braços, há muito por fazer em matéria de direitos humanos”, afirmou.

Quanto às eleições nacionais, a Frente Ampla voltou a ser o partido mais votado, mas não atingiu a percentagem de votos necessária para atingir a presidência no primeiro turno. Em novembro haverá segundo turno para as eleições presidenciais entre a fórmula da Frente Ampla, liderada por José Mujica e Danilo Astori, e a do direitista e conservador Partido Nacional, representada pelo ex presidente Luis Alberto Lacalle e Jorge Larrañaga.

Esta fórmula presidencial já conta com o apoio de quem fora candidato a presidente do direitista Partido Colorado, Pedro Bordaberry, filho do ditador Juan María Bordaberry.

Foto: http://www.ladiaria.com.uy

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