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13 de Dezembro de 2010 | Notícias | Justiça climática e energia | COP 16
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O presidente da Amigos da Terra Internacional, Nnimmo Bassey, disse nesta sexta-feira aos países reunidos na COP de Clima de Cancún que eles serão os responsáveis de dar ao mundo esperanças ou de acabar com elas. Afirmou isto em um breve discurso na sessão plenária no Moon Palace, hotel onde se realizam as negociações que hoje deveriam terminar.
Ontem, Bassey havia pronunciado outro discurso em um lugar muito diferente, uma atividade organizada pela Via Campesina, onde também esteve, entre outros, o presidente boliviano Evo Morales. Rádio Mundo Real entrevistou Bassey antes do ato realizado ontem.
Em sua participação plenária desta sexta-feira, o presidente da federação ambientalista Amigos da Terra Internacional falou também em nome da rede de movimentos e organizações sociais Justiça Climática Agora.
“Viemos até aqui com a esperança de que os países desenvolvidos concordassem tomar a liderança e fazer o que tem sido muito adiado para enfrentar o desafio climático, devido a sua histórica responsabilidade nas causas do problema, com um sentido de justiça e equidade que a crise exige”, disse Bassey.
“Ao invés de fazer a brincadeira das culpas para ocultar que não têm reconhecido sua responsabilidade, as nações ricas deveriam assumir sua dívida climática, pagá-la e estipular uma utilização justa e responsável do espacio atmosférico restante”.
Bassey também falou do Protocolo de Kioto, um dos pontos mais importantes destas negociações. “A tentativa de enterrá-lo é legal e moralmente inaceitável”, disse. “Os interesses corporativos e comerciais não devem ser priorizados clima e dos pobres. Precisamos mudar os sistemas de produção e padrões de consumo por outros que respeitem a Mãe Terra”.
Finalmente, o ambientalista deixou a última palavra para as delegações oficiais. “Depende de vocês, excelências e ministros, dar ao mundo um sentido de esperança ou jogá-la ao lixo”.
Ontem, na Unidade Esportiva Jacinto Canek, no centro de Cancún e onde foi realizado o ato da Via Campesina com Evo Morales, Bassey também conversou com Rádio Mundo Real. A poucos dias de receber o Prêmio Nobel Alternativo na Suécia, o presidente da Amigos da Terra disse que esse prêmio é o “reconhecimento de uma luta colectiva e não só do trabalho de uma pessoa”. “É que o futuro do planeta será garantido por ações coletivas, pelos movimentos de massas, por pessoas trabalhando unida numa só direção”, explicou.
Bassey estava contente pelo ato da Via Campesina, e no ato afirmou que “durante duas semanas inteiras, os delegados do mundo têm estado reunidos na Lua (pelo nome do hotel em inglês, ’Moon’ Palace), mas lamentavelmente não têm nenhuma ideia do que acontece no planeta Terra”.
O ambientalista nigeriano destacou, em contrapartida, que em abril deste ano na cúpula de Mudança Climática de Cochabamba, os movimentos sociais presentes atingiram o Acordo dos Povos em apenas dois dias. Garantiu ainda que esse acordo tem soluções fáceis de entender e implementar.
O ambientalista destacou, entre as propostas do Acordo dos Povos, a necessidade de limitar o aumento da temperatura média mundial a 1 grau ou 1,5 no máximo, e a urgência de que os países do mundo desenvolvido reconheçam a divida climática e que paguem ela.
"No Moon Palace estão fazendo o mesmo que em Copenhague" (COP 15 de Clima de dezembro de 2009), disse Nnimmo . "Propõem levar ao mundo a um aumento de 4 ou 5 graus e com um aquecimento tão forte nenhuma adaptação será possível", lamentou.
O ambientalista indicou que "o problema é que os Estados do Norte querem seguir contaminando e fazendo negócios para obter benefícios econômicos. Esta COP de Mudança Climática tem durado muito tempo, temos que chegar ao fim do caminho e começar para fazer algo", concluiu.
Foto: Rádio Mundo Real
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