4 de julio de 2012 | Entrevistas | Financiarización de la naturaleza | Anti-neoliberalismo | Género
Mais vozes da manifestação de mulheres no Rio de Janeiro
Um dos pontos mais altos da Cúpula dos Povos realizada de 15 a 23 de junho na cidade brasileira de Rio de Janeiro, paralela à conferência das Nações Unidas sobre desenvolvimento sustentável (Rio+20), foi a grande mobilização do dia 18 de junho convocada por organizações feministas.
Milhares de pessoas marcharam nesse dia pelas ruas do Rio de Janeiro para denunciar que o capitalismo oprime as mulheres, explora sua força de trabalho e, porém as ignora, e favorece a mercantilização de seus corpos. As mulheres exigiram respeito e igualdade.
A Marcha Mundial das Mulheres (MMM), rede de organizações feministas de diversos países, foi uma das principais convocantes da manifestação, e no final da marcha fez uma ação em frente à sede do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), pertencente ao Estado brasileiro. As ativistas denunciaram o banco, um dos principais financiadores de megaprojetos no Brasil com graves impactos ambientais e sociais nos territórios, por “financiar a exploração sexual das mulheres”.
Rádio Mundo Real esteve presente na mobilização do dia 18 de junho e na ação da MMM. Antes de iniciar a manifestação conversamos com Sarah Luisa de Souza, da MMM, e Lucia Ortiz, da Amigos da Terra Brasil.
“Somos contrárias à lógica do capital verde, da economia verde, que está sendo discutida na Rio+20 e que está trazendo um discurso enganador para a população de que a ONU e os governos estão preocupados de fato com a questão ambiental”, disse de Souza. Para a dirigente essa preocupação “não é real”. Na prática, o que se vê são “ações paliativas, que só querem pintar de verde a mesma lógica do capitalismo (…) essencialmente destrutor do meio ambiente (...) e construtor de desigualdade social”.
A dirigente da MMM explicou o porquê da manifestação feminista: “Estamos mobilizadas para mostrar à população que é possível ter uma economia diferente, pautada em uma lógica de sustentabilidade da vida humana, onde vivamos de forma harmônica com a natureza e também com as pessoas, e que as mulheres precisam ser valorizadas nessa nova sociedade”.
Para Sarah, a agroecologia, a soberania e a segurança alimentar, a economia feminista, são alternativas reais à lógica capitalista. E acrescentou que esperava que a mobilização das mulheres no Rio de Janeiro as estimulasse para voltar a seus territórios e se organizarem em seus espaços, nos trabalhos, para a “construção de uma nova economia”.
Por sua vez, Lúcia disse que a Amigos da Terra Internacional participava da marcha em solidariedade com a luta das mulheres e contra o capitalismo verde. Nesse sentido, indicou: “O avanço da economia verde, a financiarização não só da natureza mas sim de todos os bens comuns, como a comunicação e a cultura, a financiarização inclusive do corpo da mulher, fazem perder soberania sobre nossas decisões, nossos territórios, começando pelo território do corpo das mulheres”.
Após a manifestação e no final da ação da MMM em frente ao BNDES, milhares de representantes de povos indígenas de diversas regiões do Brasil apareceram repentinamente e entraram ao prédio do banco. Denunciaram ali o apoio do BNDES a megaprojetos que expulsam comunidades indígenas. As ativistas feministas se uniram à manifestação. Vários indígenas tentaram entrar por uma das portas do banco a apresentar suas exigências às autoridades. Logo da forte ação direta e de uma negociação com guardas de segurança e um porta-voz do BNDES, um grupo de 12 indígenas entrou para ser atendido por uma representação da entidade pública.
Foto: Rádio Mundo Real
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