“Não pode existir este modelo de agricultura sem que existam os agrotóxicos (…) Monsanto, que é a maior empresa biotecnológica e a promovedora da soja transgênica, ganha muitíssimo mais dinheiro vendendo Glifosato do que vendendo soja transgênica, para eles, esse é o negócio”, disse o especialista.

Carlos Vicente leu o discurso apresentado no Parlamento de Estocolmo, quando GRAIN recebeu o Prêmio Nobel Alternativo 2011. Nessa ocasião, e com o lema “É tempo de repudiar os apropriadores de terra”, a organização afirmou que “nunca antes havia se investido tanto dinheiro no sistema alimentar industrial”.

“Na última década fomos testemunhas de um espetacular aumento na especulação nos mercados de alimentos básicos de exportação, o que disparou os preços em todas partes. Com as atuais crise financeira e econômica em nível global, o capital especulativo busca lugares seguros onde se multiplicar”, disse Carlos.

Segundo ele, esse dinheiro “flui diretamente” para a agricultura industrial e as apropriações de terra: neste modelo os bancos, os fundos de investimento e os fundos de pensões são utilizados ativamente para comprar terra em todo o mundo.

“Os dados e os contratos são muito difíceis de obter, mas segundo os cálculos atuais de 60 a 80 milhões de hectares têm passado a mãos de investidores estrangeiros para produzir alimentos nos últimos anos. Isto é igual a metade das terras agrícolas de toda a União Europeia. A maior parte disto ocorre na África, onde os direitos consuetudinários dos povos à terra estão sendo ignorados de forma flagrante”, manifestou o integrante de GRAIN.