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10 de Setembro de 2012 | Entrevistas | Misión Internacional de Solidaridad y DDHH | No al golpe de estado en Paraguay | Apropriação de terras | Anti-neoliberalismo | Direitos humanos | Lutadores sociais em risco | Soberania alimentar
Há cerca de 50 dias que vários dos camponeses detidos durante o massacre de Curuguaty e presos na cadeia de Coronel Oviedo, departamento de Caaguazú, começaram uma greve de fome. Dois deles, Felipe Nery Urbina e Juan Carlos Tillería, estão em estado delicado. Nesta quinta-feira completam-se cinco meses da matança que acabou com a vida de 11 sem terra e seis policiais.
O advogado Vicente Morales, que defende vários dos presos, disse à Radio Ñanduti do Paraguai, Tillería e Urbina “dizem que somente estão esperando morrer”. "Já não acreditam em ninguém e nem sequer querem saber nada da justiça, nem dos advogados", acrescentou.
No início de setembro, Rádio Mundo Real visitou a cadeia de Coronel Oviedo, como parte de uma missão internacional de solidariedade e direitos humanos, e conversou com todos os detidos no massacre de Curuguaty do dia 15 de junho. A seguir apresentamos um fragmento da entrevista que fizemos com Urbina, com a tradução guarani-espanhol dos dirigentes Luis Ruiz, da Organização de Luta pela Terra (OLT) do Paraguai, Magui Balbuena, da Coordenadora Nacional de Organizações de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Indígena (CONAMURI) desse país.
Urbina é um dirigente político, que afirma que não estava no dia 15 de junho nas terras de Marina Cué, departamento de Canindeyú, mas sim em uma reunião na cidade de Curuguaty, a cerca de 35 quilômetros. Conforme ele, perto do meio dia do 15 de junho na Rota 10 Las Residentas, onde estava a polícia porque dali pode se entrar em Marina Cué, e viu o jovem Arnaldo Quintana pedindo ajuda com uma grave ferida de bala no estômago. Quis socorrê-lo e a polícia o atacou.
Urbina contou à Rádio Mundo Real que foi torturado e ameaçado de morte longe da zona onde estava o acampamento sem terra. Esteve internado três dias em um hospital de Curuguaty, onde continuou recebendo ameaças de policiais. O camponês, seu advogado e moradores dizem que não estava em Marina Cué e exigiam sua liberdade. Mas os danos em seus olhos certificados por um médico, por causa dos gases lacrimogêneos o condenaram, porque o situariam na zona da balaceira. “É que me atiraram gases na cara quando me detiveram na estrada para deixar uma evidência”, denunciou Urbina em Coronel Oviedo, sentado ao lado de Quintana, que conseguiu salvar sua vida.
No dia 15 de junho, cerca de 50 camponeses, dentre eles mulheres e crianças, ocupavam as terras de Marina Cué, cerca de 2.000 hectares situados a cinco quilômetros da Estrada 10, que separa os campos da comunidade de Yvy Pytã. Os camponeses destacam que as terras em disputa são do Estado, para serem destinadas à reforma agrária, mas está ocupado irregularmente pela empresa agropecuária Campos Morombí, que no momento da ocupação pertencia ao ex-legislador colorado Blas Riquelme, que morreu no dia 2 de setembro.
Cerca das 8 da manhã do 15 de junho, um operativo organizado na madrugada com cerca de 400 policiais, incluindo tropa de choque, polícia montada, um helicóptero, cerca de 20 viaturas e várias ambulâncias, avançou sobre o campo e fez o desastre: 11 camponeses e seis policiais morreram, dezenas foram feridos e houve 12 detidos.
Depois a Justiça acusou 54 pessoas porque apareceram em uma lista elaborada pelos camponeses de Marina Cué de companheiros de militância que queriam terra e que foi encontrada pela polícia. Alguns deles nem sequer estavam na área nesse dia. Dezenas dos acusados estão prófugos.
Foto: Coordinadora Nacional de Organizaciones de Mujeres Trabajadoras, Rurales e Indígena (CONAMURI).
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