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12 de Maio de 2010 | Notícias | Conectando Alternativas IV | Direitos humanos | Soberania alimentar
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A Comissão Pastoral da Terra e a Rede Social de Justiça e Direitos Humanos acusarão a multinacional de origem francês Louis Dreyfus no próximo Tribunal Permanente dos Povos a ser realizado nos próximos dias 14 e 15, em Madri.
Estas organizações acusam a empresa de gerar, através do impulso à expansão da monocultura de cana-de-açúcar, impactos tão variados e profundos como, fomento do trabalho precário, destruição de ecossistemas, fustigamento de comunidades indígenas, entre outros.
Tudo isto acontece no Brasil, onde a multinacional começou adquirindo usinas nos estados de São Paulo e Minas Gerais em 2005. Sua expansão levou-a até a região centro-oeste do país instalando-se em territórios indígenas e na região do Cerrado, ecossistema que abastece as principais bacías hidrográficas do país, e que contém uma fauna e flora altamente diversa.
Ao todo, Dreyfus possui 50 mil hectares para plantío de cana-de-açúcar. Em outubro de 2009, a empresa fez uma fusão criando o grupo LDC-SEV Bioenergia, transformando-se no segundo maior produtor mundial de açúcar e etanol. Seu objetivo é produzir 40 milhões de toneladas de cana por ano e tem participação acionária das famílias Biaggi e Junqueira, o BNDES e o banco Goldman Sachs.
Esta grande disponibilidade de terras para a monocultura de cana traz consigo um aumento da violência contra o povo indígena Guarani-Kaiowá, uma das populações indígenas mais numerosas do Brasil, sendo 47 mil pessoas que vivem, sem os direitos territoriais correspondentes, numa área de cerca de 20 mil hectares.
Conforme o Conselho Indigenista Missionário (CIMI), por causa da expansão da monocultura de cana, os povos Guarani-Kaiowá vivem em situação extremamente precária, onde a falta de terra gera sérios problemas sociais como morte de crianças por desnutrição, suicídios (principalmente de jovens de 12 e 18 anos), alcoolismo e assassinatos. Além disso, têm sido registrados pelo menos quatro casos de assassinatos de indígenas nas usinas, bem como trabalho escravo no corte da cana.
Como exemplo dos impactos sócio-ambientais que tem gerado esta multinacional, as organizações falam da fazenda de Antonio Luciano, onde a monocultura de cana tem como destino a produção de etanol. Ali, chegou-se a desviar o curso do rio San Francisco para facilitar o transporte da produção, sem licença ambiental ou estudos técnicos. Em todas as suas etapas, a monocultura de cana substitui áreas de lavoura e criação de gado, além de destruir as reservas florestais e a mata ciliar. Para realizar o plantío, as empresas queimam a mata nativa, derrubando e enterrando árvores, tudo feito em forma clandestina.
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