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5 de Janeiro de 2012 | | |

A destruição do Norte

Estados Unidos e Banco Mundial em negociações da ONU “anti-democráticas”

Os Estados Unidos joga um papel destrutivo nas negociações das Nações Unidas (ONU) sobre mudança climática e vários países desenvolvidos usam seu agir como desculpa para não assumir compromissos importantes, considerou a ativista estadunidense Karen Orenstein.

A representante da Amigos da Terra Estados Unidos alertou ainda sobre o rumo do Fundo Verde para o Clima, que conforme sua redação atual favoreceria o acesso do setor privado ao financiamento climático, e sobre as “batalhas” que virão para resolver se o Banco Mundial administrará ou não esse fundo. Por último desabafou: trabalhar no espaço da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática é “incrivelmente frustrante”, disse.

Rádio Mundo Real entrevistou Karen antes do final da COP XVII da ONU sobre Mudança Climática em Durban, África do Sul, que acabou no dia 11 de dezembro. “O papel dos Estados Unidos nestas negociações pode ser descrito em uma palavra: destrutivo”, afirmou a ativista. Para ela, esse país não quer compromissos de redução de emissões contaminantes, nem garantir o financiamento climático para os estados mais atingidos, nem que outras nações adotem ações mais ambiciosas.

O comportamento dos Estados Unidos, um dos principais responsáveis pela mudança climática, é utilizado por outros países desenvolvidos para fugir de seus compromissos. É o caso do Canadá, Austrália, Japão e a União Europeia (UE), que se apresenta a si própria como “progressista” na luta contra a crise do clima. “O (pouco ou nada) que faz Estados Unidos faz parecer à UE progressista, mas não é”, disse Orenstein, que questionou o agir das potências que se escondem por trás do negativo papel estadunidense.

A ambientalista segue há vários anos muito de perto as negociações na ONU sobre financiamento climático. O Fundo Verde para o Clima, criado na COP XVI de Cancún, México, em dezembro de 2010, e em pleno processo de desenvolvimento, é um dos pontos mais importantes. “Precisamos desse Fundo, a ideia é boa, tem o objetivo de dar dinheiro aos países em desenvolvimento para os trabalhos de adaptação e mitigação da mudança climática”, disse Orenstein. O problema é o processo, que está sendo “corrompido”, e o “desenho” do fundo, disse.

Durante a COP de Durban, no dia 1º de dezembro, mais de 160 organizações da sociedade civil de 39 países divulgaram uma carta nessa cidade onde denunciaram que as nações desenvolvidas, especialmente Estados Unidos, Reino Unido e Japão, estavam pressionando para que as corporações transnacionais e financeiras tenham acesso diretamente ao financiamento do Fundo Verde para o Clima.

Conforme explicou Orenstein, o atual desenvolvimento do Fundo Verde para o Clima facilitaria que as nações desenvolvidas “subsidiem” corporações transnacionais. “Por exemplo, com a redação atual (do Fundo), o governo dos Estados Unidos poderia dar uma garantia de empréstimo a Exxon Mobil para construir um parque eólico no México que abasteça Walmart”, ilustrou. “E isso contaria como uma contribuição dos Estados Unidos ao financiamento climático. Estamos trabalhando verdadeiramente forte para tentar mudar isso”, destacou.

Dezenas de movimentos e organizações sociais de diversas partes do mundo seguem com atenção o desenvolvimento e desenho do Fundo Verde para o Clima e estão preocupados muito especialmente pelo papel que está tendo, e que poderia ter, o Banco Mundial. Atualmente essa instituição é o administrador interino do Fundo (interim trustee) e faz parte da unidade técnica que ajuda a projetá-lo. Orenstein disse que “será uma batalha” o trabalho para que o Banco Mundial não acabe se transformando no administrador permanente (permanent trustee), ainda mais quando os países industrializados jogam a seu favor.

Neste sentido, a ativista dos Estados Unidos disse que a sociedade civil trabalha para que seja transparente o processo de eleição do administrador permanente do Fundo.

No fim da conversa com Rádio Mundo Real, Orenstein disse que sabia que sairia “decepcionada” da COP de Clima da ONU e que essas conferências servem para “limitar o dano” e não para ter “soluções” à mudança climático. “As soluções virão de fora desse lugar”, disse. “O processo mesmo da Convenção Marco das Nações Unidas sobre Mudança Climática é um espaço de trabalho incrivelmente frustrante, porque a sociedade civil é totalmente marginalizada”, com “dinâmicas de poder” que mostram um contexto “anti-democrático”, lamentou a ambientalista.

Foto: http://www.flickr.com/photos/foei

(CC) 2012 Radio Monde Réel

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