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16 de abril de 2013 | | | |

Sementes como identidade política

O fortalecimento regional na luta por Soberania Alimentar. Entrevista com Patrícia Martins da Bionatur

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A Festa Nacional da Semente Crioula e da Agricultura Familiar do Uruguai contou com a participação de militantes de organizações da região, que acompanham e apóiam a Rede de Sementes Nativas e Crioulas desse país em seu trabalho e luta por soberania alimentar. Uma destas organizações é a cooperativa de produção de sementes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra do Brasil, Bionatur.

A Bionatur é uma cooperativa de produtores de sementes agroecológicas que iniciou há 15 anos no sul do estado do Rio Grande do Sul, produzindo sementes de hortaliças agroecológicas, em um contexto em que a única forma de produzir e adquirir sementes era a través de empresas da produção convencional.

A cooperativa tem evoluído muito passando nestes 15 anos, de ter 12 produtores a ter 185 atualmente. Possui um sistema de certificação participativa orgânica com consumidores, além de contar com a certificação do Instituto Biodinâmico, especializado em certificações orgânicas.

Patrícia Martins é uma das integrantes da Bionatur que participou da Festa da semente crioula e conversou com Rádio Mundo Real. Perguntada sobre a importância do contato entre os produtores de sementes crioulas dos países da região, ela afirma: “a gente se reconhece um no trabalho do outro, um na problemática do outro, assim como reconhecemos a luta, e isso traz um sentimento de fortalecimento de ambas as partes, porque o avanço dos monocultivos que vocês estão sofrendo aqui, a gente ta sofrendo no Brasil também. Então o impacto do avanço das transnacionais é o mesmo. E as nossas formas de resistência também são muito semelhantes”.

Essa similitude não é somente regional, também ocorre em nível internacional. Para a agrônoma e militante, a semente crioula se transformou em pauta para os camponeses, porque “se o agricultor não tem a semente crioula, não tem autonomia. Se não tem autonomia, ele já entra numa lógica, e num ciclo de dependência que vai colocar a própria reprodução dele enquanto camponês.”

Histórico das leis privatizadoras

Em relação ao processo de legislação das sementes na América Latina, Patrícia afirmou que há uma lógica na trajetória da legislação de sementes: “as primeiras leis de semente da América Latina, todas elas datam da época de 1960, 1970, e o objetivo principal delas era institucionalizar a produção de sementes”.

Segundo ela, este processo de legalização “torna ilegal tudo o que o agricultor fazia, porque o que ele cultiva não é reconhecido como semente. Então temos um sistema legal que regula a produção formal de sementes e tem um sistema paralelo que é o agricultor fazendo o que ele fazia, e cada vez sendo mais pressionado.”

A iniciativa privada nacional, a partir da década de ’90, começa a perder espaço, devido ao avanço das multinacionais do agro, chegando ao ponto atual onde são praticamente inexistentes as empresas de sementes nacionais na região.

A importância do milho

Em relação aos cultivos estratégicos, um tema debatido durante a Quinta Festa da Semente Crioula no Uruguai, Patrícia afirmou que o milho é um cultivo fundamental, entre outros motivos porque o avanço da produção de milho transgênico é avassalador. A militante considera que “o milho é uma cultura que tem uma identidade grande com o sistema de produção camponesa. Se o camponês não produz milho já tem um problema na alimentação animal, na manutenção das suas outras atividades. Daí a importância de lutar contra o milho transgênico e pela defesa da semente crioula”.

A festa das sementes crioulas é um espaço de celebração, de divulgação da importância de resgatar, manter e reproduzir as sementes ameaçadas. É um espaço político. Como resultados deste tipo de encontros, Patrícia conclui: “Trocar sementes é trocar resultados concretos naquilo que acreditamos. No mesmo grau de importância está a nossa compreensão da identidade política, do que a gente faz. Os nossos intercâmbios são de experiências, mas também de troca de identidade. E a gente se fortalece nesse debate.”

Foto: Rádio Mundo Real

(CC) 2013 Radio Mundo Real

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