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1ro de octubre de 2014 | | | |

Indígenas e defensores em risco

Sede do Conselho Indigenista Missionário é atacada

A sede da organização Amazônia Ocidental, que tem a representação do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), no estado do Acre, foi invadida na segunda-feira (22). Em entrevista com Rádio Mundo Real, o coordenador da organização, Lindomar Padilha conta: “arrancaram duas grades, e parte do forro; danificaram os computadores, levaram copias de alguns processos de demarcação de terras, e não levaram nenhum objeto de valor considerável, apenas um HD com a informação de todos os computadores da organização”.

Este ataque ao CIMI não é um caso isolado, o próprio dirigente já foi ameaçado de morte várias vezes por seu trabalho em defesa dos direitos dos povos indígenas e do meio ambiente. Conforme Lindomar, os focos de conflitos no estado são vários: “No mesmo dia em que tivemos o arrombamento aqui na nossa sede, na região de Sena Madureira, onde mora a comunidade indígena Jaminawa, um grupo de pistoleiros entrou na aldeia atirando e ameaçando os indígenas”. Nessa área a justiça determinou a retirada de sete grandes fazendeiros que a ocupam de forma ilegal, e que estão se recusando a deixar as terras.

Na mesma região, a terra indígena de Caiapucá, também habitada pelos Jaminawa, está sendo invadida por madeireiros que estão retirando madeira de forma ilegal. Outros dois graves problemas acontecem, segundo Lindomar, na microrregião de Cruzeiro do Sul, no Vale do Juruá: “um caso de desintrusão de terras indígenas, temos pessoas que permanecem nelas que são não índios, e que se recusam a sair. E nessa mesma terra temos problemas com retirada de madeira”.

Em junho deste ano indígenas da etnia Ashaninka junto com funcionários da Fundação Nacional do Índio (FUNAI), fizeram contato pela primeira vez com povos indígenas isolados na região do Envira. Estes povos vêm sendo atacados por madeireiros e narcotraficantes, conforme explica Lindomar.

O CIMI têm trabalho junto com a Comissão Pastoral da Terra, cuja sede sofrera em 2011 e 2012, 7 arrombamentos. Sua coordenadora, assim como o próprio coordenador da regional do CIMI sofreram diversas ameaças de morte via telefone.

Em relação às medidas de denuncia deste novo ataque ao CIMI, Lindomar contou que foram feitas “as denúncias nos canais previstos pela legislação brasileira, que é a Polícia”. Mas o dirigente não acredita que as autoridades possam garantir a justiça e/ou proteção dos ativistas: “Nós não temos muita expectativa positiva com relação a ação da polícia. Já há algum tempo temos ações correndo, e elas nunca chegam a bom termo”.

Mesmo assim, o CIMI está tentando dialogar junto com a Secretaria Estadual de Direitos Humanos, viabilizar e agilizar as investigações porque além destes casos, “há uma série de lideranças indígenas que estão sendo ameaçadas e violentadas em seus direitos no Acre”, denuncia Lindomar.

Baixe a entrevista completa com o coordenador do CIMI no Acre no arquivo anexo.

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Audio: MP3 – 20.7 MB

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