Radio Mundo Real

Neste domingo serão realizadas as eleições presidenciais para definir os destinos da República Bolivariana da Venezuela. Suas consequências vão além das fronteiras desse país e representam um divisor de águas na realidade regional da América latina toda.

Foi o que considerou em entrevista com Rádio Mundo Real Pablo Kunich, integrante do projeto de comunicação popular Alba TV, de Caracas. “A Venezuela, com esta orientação política, está promovendo a integração latino-americana. A multipolaridade diante da unipolaridade que propõem os Estados Unidos”.

O papel da Venezuela bolivariana na derrota da Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) em 2005, bem como o impulso de expressões integracionistas como a Comunidade de Estados da América Latina e o Caribe (CELAC), a Aliança Bolivariana (ALBA) ou o recente ingresso da Venezuela ao Mercado Comum do Sul (Mercosul) fazem com que o destino desse país, dividido entre o aprofundamento do processo revolucionário ou a regressão para um modelo neoliberal proposto pelo candidato opositor, tenha um peso específico na realidade regional.

“Os movimentos sociais reconhecem no processo venezolano essa vontade de mudança profunda. Antes do processo bolivariano não se havia começado a falar com tanta força de socialismo”, refletiu Kunich.

As eleições acontecerão no domingo 7 de outubro, no entanto os preparativos das comunidades nas grandes cidades para “fazer respeitar seu voto” representa um desafio organizativo que nos fatos já começou. As hipóteses de sabotagem e a violência não estão fora de agenda, dada a campanha midiática levada adiante contra o presidente Hugo Chávez propiciando um cenário de incerteza nos mecanismos eleitorais.

“Existe o risco de que a direita não reconheça o resultado das eleições e convide seus seguidores a não fazê-lo” o que poderia gerar focos de violência, alertou Pablo, mas afirmando também que a população “está preparada”. O temor está na manipulação informativa que façam as grandes cadeias de comunicação sobre a ratificação do triunfo do oficialismo.

Henrique Capriles, oponente de Chávez à frente de uma coalizão de direita, propõe o desmantelamento do Estado, além de contar, apesar de sua relativa juventude, com um longo histórico que chegou a colocá-lo em frente à embaixada de Cuba em Caracas assédio que coincidiu com a tentativa de golpe de estado contra Chávez em abril de 2001, lembrou Kunich.

O comunicador indicou que diante da vitória certeira de Chávez, o desafio será retomar e aprofundar definições básicas da revolução como as políticas de soberania alimentar, de fomento à Agroecologia e manter a proibição dos cultivos e alimentos transgênicos, entre outros postulados que promovem os movimentos sociais rurais e urbanos.

Foto: cubadebate.cu