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21 de abril de 2010 | | |

Recuperar a luta de massas

Dirigente cubano reflete sobre processos dos movimentos sociais

Uma nova plataforma global dos povos em defesa da Mãe Terra acaba de nascer nos marcos da Conferência Mundial dos Povos sobre a Mudança Climática em Cochabamba, Bolívia.

“Tomara que seja um espaço que articule pessoas de uma igreja local, pequenos povoados, organizações, todas as pessoas que estão tomando consciência e estão indignadas eticamente com os problemas que temos e que quer se unir à luta”, disse à Rádio Mundo Real o ativista cubano Joel Suárez.

O integrantde do Centro Martin Luther King de Cuba e da Convergência de Movimentos Populares das Américas (COMPA) espera que a nova plataforma não seja um fim em si mesmo e que una seu trabalho a outros movimentos e organizações sociais que estão coordenadas há muitos anos, como Amigos da Terra, a Marcha Mundial das Mulheres, Jubileu Sul, a Via Campesina, a Aliança Social Continental e a própria COMPA. Estas organizações concordaram em se unir na luta contra a mudança climática e por isso hoje estão em Cochabamba.

No que diz respeito à Conferência em Cochabamba, Joel destacou como principal mensagem política que tem surgido até agora, a de que o capitalismo é a causa estrutural das crises da atualidade. “Apesar das diferenças políticas, ideológicas, de procedência geográfica, setoriais, existe uma confluência dos movimentos, um consenso de que os problemas que estamos vivendo têm a ver com a lógica sacrificial, predatória do sistema capitalista, acrescentariam os indígenas e as feministas, uma lógica sacrificial racista e xenofóbica”, afirmou Joel.

Outra conclusão destacada por Joel é de que pouco pode se esperar dos instrumentos multilaterais das Nações Unidas e dos governos, pelo peso das “negociatas” que fazem os países desenvolvidos nas conferências oficiais sobre mudança climática.

Suárez afirmou que em Cochabamba reafirma-se que faz falta mobilização popular para exercer pressão naqueles que tomam as decisões no mundo. “Devemos recuperar a luta de massas, tirar as pessoas para as ruas”, disse o representante cubano.

Vários dos movimentos e organizações sociais que trabalham unidos na luta contra a mudança climática mantém vínculos com os governos da ALBA, principalmente o boliviano, para unir forças.

Joel também falou sobre o seguinte: “este assunto de dialogar com os governos não é nenhum problema, mas deve-se acabar de desmontar toda essa visão liberal da sociedade civil, com a invenção de que os movimentos sociais somos os messiânicos, os bons, que estamos julgando os governos”. “Nós estamos na luta e estamos numa organização social graças a uma loteria biológica e política, mas amanhã caras que por loteria biológica e política estavam em nosso campo tornam-se presidentes da Bolívia”. “As pessoas da Coordenadora Latino-americana de Organizações do Campo (CLOC) e da Via Campesina dizem que Evo está prestando serviços como presidente da Bolívia”, afirnou Joel referindo-se à procedência do mandatário à CLOC muito antes de ser eleito.

O ativista cubano falou ainda de outro ponto importante no relacionamento de movimentos entre si e com governos nacionais. “É inevitável se quisermos salvar esta nave Terra que tentemos sentar-nos com todo o mundo à mesa. Mas não deve se pensar que é uma zona que esteja isenta de conflitos”. “Temos que ter paciência, ouvir-nos, aceitar a diversidade, mas não vamos pensar que se trata de um espaço benévolo, bonito, aqui existe conflitividade, lugares sócio-classistas onde estamos cada um de nós e ai atuamos”. Mas temos que ir para frente, somar e tentar levar até o limite os acordos, mesmo que sejam mínimos”, sentenciou o dirigente.

Produção conjunta da Rádio Mundo Real e Radioagência Notícias do Planalto

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