12 de septiembre de 2011 | Noticias | Derechos humanos
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Chanceleres e ministros de Defesa da União das Nações Sul-americanas (UNASUL) informaram que realizarão um retirada gradativa das tropas da Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH, acrônimo em francês). O anúncio chega alguns dias depois de ter sido confirmado o estupro cometido por quatro soldados uruguaios a um jovem haitiano.
Na Segunda Reunião de Ministros de Relações Exteriores e Defesa dos países sul-americanos com presença na MINUSTAH, realizada no dia 8 de setembro na capital uruguaia, Montevidéu, os ministros resolveram reduzir gradativamente o número de soldados no Haiti. O objetivo é atingir a quantidades que havia antes do terremoto de janeiro de 2010.
Conforme Rádio El Espectador do Uruguai, o chanceler uruguaio, Luis Almagro e o representante da Missão das Nações Unidas no Haiti, Mariano Fernández, afirmaram que a decisão não está relacionada às denúncias de abuso sexual contra militares uruguaios.
O Brasil comanda o corpo militar da MINUSTAH e possui o maior contingente, com 1.280 soldados, conforme a agência IPS. Logo está o Uruguai, com 1.136 militares. Os outros países sul-americanos participantes da missão são Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai e Peru.
Na semana passada o cenário social e político no Uruguai esquentou depois da divulgação de um vídeo que registra o abuso de cinco soldados da marinha do país a um jovem haitiano de 18 anos, na cidade haitiana de Port Salut, no fim de julho. O garoto mora perto do quartel do Comando Naval uruguaio integrante da MINUSTAH.
O governo do Uruguai agiu rapidamente. O presidente, José Mujica, enviou uma carta ao presidente haitiano, Michel Martelly, pedindo perdão em nome do Estado, e o ministro de Defesa, Eleuterio Fernández Huidobro, assumiu a responsabilidade de realizar uma investigação profunda, que resultaria em severas sanções e uma reparação da vitima caso fosse confirmado o delito. O Executivo repudiou o fato de que as Forças Armadas se referiam-se ao caso como uma “brincadeira” com um jovem ao que os militares conheciam, sem penetração.
O semanário uruguaio Brecha publicou pelo menos o nome completo de um dos envolvidos na agressão sexual e os apelidos dos outros três: Nicolás Casariego, Kolke, Leo e Rodríguez. Brecha baseia-se num relatório da Rede Nacional de Defesa dos Direitos Humanos do Haiti, que após suas investigações afirma que a vítima foi estuprada duas vezes, por Leo e Rodríguez.
As imagens filmadas pelos próprios militares com um celular, foram obtidas pelo primo da vítima. Foram divulgadas primeiro entre jovens de Port Salut e depois mostradas a um funcionário das Nações Unidas. A meados de agosto as imagens foram dadas a jornalistas e divulgadas pela internet.
Dezenas de organizações uruguaias têm reagido com muita indignação com o caso, que não é o primeiro de denuncia a soldados nacionais no Haiti nem em missões em outros países. Várias entidades sociais convocaram a manifestações por exemplo diante do Ministério de Defesa em Montevidéu, e pediram ao Parlamento Nacional que vote a retirada imediato e total das tropas uruguaias que participam da MINUSTAH.
A central de trabalhadores, o PIT-CNT, exigiu que o governo no dia 6 de setembro pedisse “desculpas públicas ao irmão povo haitiano”. Em um comunicado público o Secretariado Executivo da central operária indicou: “pela enésima vez levantamos nossa voz para exigir que sejam retiradas as tropas uruguaias e todas as tropas do Haiti, para que acabar com a MINUSTAH, para que nosso Parlamento não conceda vênia que habilita enviar soldados e armas onde fazem falta professores, pedreiros e enfermeiros”.
O PIT-CNT apoia a decisão do governo uruguaio de investigar o caso e atuar em consequência, e exige “todo o peso da justiça” sobre os responsáveis, “assim como em todos os casos de denúncias de violações de direitos humanos no Haiti”.
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