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22 de Maio de 2012 | |

"Vamos encontrá-los"

Nova “marcha do silêncio” por verdade e justiça sobre os desaparecidos no Uruguai

Mais um 20 de maio no Uruguay onde se encontrarão milhares de pessoas na capital, Montevidéu, com uma só demanda: verdade e justiça sobre os crimes e desaparecimentos de uma centena de pessoas cometidos pelas Forças Armadas que deram um golpe de estado e tomaram o poder político durante doze anos (1973-1985) nesse país.

No domingo passado, como a cada ano desde 1995, a associação Mães e Familiares de Detidos Desaparecidos e uma longa lista de convocantes, realizou a “marcha do silêncio” pela principal avenida da capital, exigindo o esclarecimento do destino de uma centena de uruguaios e uruguaias detidos durante o regime militar e que permanecem, até hoje, desaparecidos.

A data lembra a aparecimento em Buenos Aires (20 de maio de 1976), dos corpos de Zelmar Michelini e Héctor Gutiérrez Ruiz, legisladores uruguaios assassinados na Argentina por um comando de militares coordenado com os militares argentinos dentro do conhecido “Plano Condor”. Nesse “operativo” também foram assassinados Rosario Barredo e William Whitelaw, integrantes da resistência à ditadura nesse momento exilados na Argentina, como milhares de uruguaios e uruguaias.

A data, ainda coincide com o nascimento do atual presidente uruguaio José Mujica, que apesar de contar com maioria absoluta do Parlamento, não tem conseguido em mais de dois anos de gestão acabar com as leis que protegem a impunidade para os responsáveis das desaparecimentos, muitos dos quais permanecem em liberdade e em silêncio absoluto.

No entanto, a partir dos recentes achados de restos de detidos desaparecidos nas proximidades de quartéis militares, depois de um intenso trabalho de antropólogos forenses universitários que trabalham quase sem pistas oficiais, o pacto de secreto dos ex-repressores parece começar a se fissurar.

No último semestre, foi encontrado o corpo do professor Julio Castro, sequestrado aos 68 anos de idade e torturado até a morte. No mesma área militar do Batalhão 14 foram encontrados restos que permitiram identificar o cadáver de Ricardo Blanco Valiente, integrante do Partido Comunista Revolucionário e proveniente da cidade de Mercedes.

Estes achados têm sido o disparador para novas pesquisas de uniformados hoje aposentados pelo sistema judicial, embora se exige uma atitude mais ativa do governo.

Neste sentido, um desafio próximo à instalação de um Instituto Nacional de Direitos Humanos recentemente criado pela via legal, bem como o que se anuncia para o próximo 4 de junho quanto ao reconhecimento do Estado da “responsabilidade institucional” das violações a estes direitos durante o regime ditatorial.

A marcha foi, como em cada ano, em absoluto silêncio, só quebrado pelo nomeamento dos desaparecidos, até aqueles que como Castro e Perrini já não são desaparecidos. Ao chegar à Praça Liberdade, a multidão entoou o Hino Nacional, enfatizando como sempre a estrofe que diz “Tiranos tremam”. Essas duas palavras foram a metáfora de resistência à tirania durante a longa ditadura.

A mobilização anual no Uruguai, ocorre a poucos dias de que no Brasil, que sofreu uma extensa ditadura cívico-militar de 1964 a 1985, organizações juvenis iniciaram um trabalho de denúncia e identificação dos responsáveis de crimes de lesa humanidade. Isto tem feito que a presidenta Dilma Roussef criasse no dia 16 de maio uma Comissão da Verdade encarregada de elaborar um relatório sobre o terrorismo de Estado nesse país em um amplo período histórico: de 1946 a 1988.

Fotos: Nairí Aharonián (FB) e Rebelarte.info

(CC) 2012 Radio Monde Réel

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