A notícia foi recebida com muita satisfação pela organização ecologista Amigos da Terra Europa. “Podemos ter vencido a batalha hoje, mas não vencemos a guerra ainda”, disse ontem à Rádio Mundo Real o ativista Adrian Bebb, representante dessa organização. O ambientalista afirmou: “chutaremos para fora da Europa todas as gigantes da biotecnologia juntas”.

Um representante da direção da BASF encarregado dos organismos geneticamente modificados, Stefan Marcinowski, reconheceu ontem que as “tecnologias verdes não são suficientemente aceitadas em muitas regiões da Europa pela maioria dos consumidores, agricultores e responsáveis políticos”. “É por isso que não tem sentido econômico continuar investindo nestes produtos (...)”, afirmou conforme a agência AFP.

A companhia alemã suspendeu totalmente o cultivo e a comercialização da batata transgênica Amflora para 2013. É uma batata permitida na União Europeia (UE) em 2010, depois de um processo de mais de dez anos de insistência da BASF para a autorização. No primeiro ano de cultivo a batata foi contaminada por outra variedade de batata geneticamente modificada e não autorizada da empresa, chamada Amadea. Foi um escândalo. O cultivo de Amflora limitava-se a uma parcela de dois hectares na Alemanha e as vendas em 2011 foram “praticamente nulas”, disse à AFP uma porta-voz da BASF.

Amigos da Terra Europa celebrou a decisão da corporação e garante que continuará trabalhando fortemente até expulsar da região a Monsanto, a empresa estadunidense que possui o milho transgênico MON 810, permitido en alguns países da UE.

“Faz sentido que se você tem um negócio e não pode vender seu produto, se renda ou mude seu mercado para outro lugar”, disse Adrian Bebb à Rádio Mundo Real. “Não os culpo (os responsáveis da BASF), deveriam ter feito isto há anos. Não há mercado para cultivos transgênicos na Europa”.

Para Amigos da Terra Europa a resolução da BASF é um triunfo também dos agricultores, cuja maioria tem se negado a usar transgênicos, e das centenas de comunidades livres desses cultivos na região. Trata-se também de uma amostra ainda de que as campanhas de resistência podem dar bons resultados. “Está muito claro que há una resistencia muito forte aqui (aos transgênicos)”, disse Bebb.

A notícia surpreendeu a Amigos da Terra Europa. A corporação transnacional tem feito um forte trabalho de lobby na UE durante vários anos para que os transgênicos fossem aceitados.

“Podemos ter vencido a batalha hoje, mas não temos vencido a guerra ainda”, alertou Bebb, que afirmou que a luta contra os transgênicos segue, ainda mais levando em conta que a BASF realocou seus esforços a favor destes cultivos, mas não abandonou sua aposta nesta tecnologia. O ambientalista manifestou que “Amigos da Terra Europa seguirá apoiando a grupos em qualquer parte do mundo tentando deter a introdução de transgênicos, para defender a soberania alimentar e os direitos dos povos a decidirem sobre sua alimentação, sua agricultura e a proteção da biodiversidade”. Para o ativista britânico, este trabalho não para “até termos uma transformação real de nossa agricultura e uma paisagem e natureza adequados para nossos filhos e as gerações futuras”.

Foto: ensartes.blogspot.com