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3 de Outubro de 2012 | | | |

Transformação social

Marcha na Europa por soberania alimentar: propostas concretas no País Basco

A Coordenadora Europeia da Via Campesina realizou em setembro a chamada “Marcha por uma boa alimentação e uma boa agricultura”, junto a inúmeras organizações camponesas e ecologistas de diversos países, entre outras, e que incluiu atividades em várias cidades da Europa.

As diversas organizações da Via Campesina Europa junto aos outros atores da sociedade civil mobilizaram-se exigindo preços justos para os agricultores e consumidores, respeito para o meio ambiente e soberania alimentar. França, Itália, Alemanha, Romênia, são alguns dos estados onde houve manifestações e atividades como parte da marcha.

Foi o “início de uma série de mobilizações em nível europeu sobre agricultura e alimentação”, com uma marcha que não foi “multitudinária” mas que destacou-se porque a Via Campesina atingiu coordenações importantes com diversas organizações sociais, considerou dirigente Patxi Gaztelumendi, de la organización campesina EHNE del País Vasco, parte de la Via Campesina Europa. Agora o desafio é continuar lutando em cada cidade e país pelo direito à alimentação, disse em entrevista com Rádio Mundo Real.

Uma das datas mais importantes foi a do dia 19 de setembro, dia em que houve uma manifestação na capital belga, Bruxelas, em frente ao Parlamento Europeu. Essa jornada marcou o início de uma mobilização ativa que continuará em 2013 pela reforma da Política Agrícola Comum (PAC) da União Europeia (UE).

A Comissão Europeia está discutindo propostas para uma nova reforma da PAC para o período 2014-2020. Essa política, modificada cada sete anos, é o marco que rege a atividade dos agricultores europeus e repercute não apenas nos produtores dessa região, como também nos de diversos países.
A Coordenadora Europeia da Via Campesina exige, entre outras coisas, a regulação pública das produções e dos mercados, e um apoio específico para a produção em pequena escala.

É um “momento interessante pelo debate da PAC”, disse Gaztelumendi à Rádio Mundo Real. “Queremos exigir nossos projetos locais de agricultura. Apostamos na soberania alimentar, em nível local temos que fazer projetos transformadores para que a soberania alimentar aconteça, para que a população possa se nutrir dos alimentos que cada povo produz”, acrescentou.

O integrante de EHNE explicou que “a alimentação é um direito fundamental da cidadania”, não um privilégio de alguns. Os alimentos produzidos pelo campesinato são “fundamentais para a base de uma nova sociedade”, em contraposição com a “mercantilização da alimentação e a agroindústria”, avaliou.

Para Gaztelumendi o debate na Comissão Europeia para a reforma da PAC foca-se “o tempo todo” no dinheiro e as subvenções. Até agora essa política tem sido “uma distribuidora de subsídios ou de ajudas públicas”. “Acreditamos que com isso vamos acabar com o campesinato. O único que vamos fazer é uma indústria de alimentos. (...) É um erro não europeu, mas de escala global”, disse Patxi.

Em resposta a esse modelo da agroindústria, EHNE propõe falar de outras formas de produzir alimentos, de apoiar os pequenos produtores, de apostar no (nível) local e não em grandes cadeias alimentares. A defesa do campesinato e de sua cultura milenar deve conduzir para novas políticas agrárias, avaliou Patxi, que reivindicou a necessidade de que se atendam os posições dos camponeses para essas definições.

Assim, EHNE está promovendo duas propostas concretas em nível local no País Vasco. Uma aposta para que os refeitórios públicos, de centros de estudo, hospitais e centros da terceira idade, entre outros, tenham 40 porcento de seus alimentos produzidos localmente. A segunda ideia propõe a instalação de “um banco de alimentos público”, que garanta alimentos de qualidade para as pessoas com dificuldades econômicas, ao invés de que recebam “alimentos com prazo de validade estejam prestes a vencer dos grandes supermercados”. “É a luta diária pela soberania alimentar, mas com projetos de transformação, lácteos, de horticultura, de sustentabilidade”, manifestou Patxi.

As propostas da EHNE procuram enfrentar uma “crise sistêmica do capitalismo que gera mais exclusão social e fome”. A organização basca propõe um acordo social amplo com os produtores que permite esse banco de alimentos. Patxi explicou que no País Basco está sendo construído um novo movimento de camponeses, agricultores, pecuaristas, junto com ativistas sociais, diversos movimentos sociais e consumidores, com uma responsabilidade compartilhada em relação à soberania alimentar.

“Nós do campesinato, como produtores de alimentos que somos, também temos uma responsabilidade social, e de um ponto de vista de transformação social temos que responder às necessidades de nossos vizinhos e concidadãos”, disse a liderança basca. “Acreditamos que é um ponto de vista transformador mas com alternativas. Não é caridade mas sim transformação social”, concluiu o representante de EHNE.

Foto: http://asiuns.blogspot.com

(CC) 2012 Radio Monde Réel

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