20 de enero de 2012 | Entrevistas | Industrias extractivas
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Mais de 700 famílias moçambicanas reassentadas pela mineradora brasileira Vale no centro de Cateme, distrito de Moatize e província de Tete, estão nestes momentos vigiadas pela polícia, que não hesitou na semana passada em reprimi-las violentamente em uma manifestação exigindo seus direitos.
O próprio governador de Tete, Alberto Vaquina, teve um encontro com a população reassentada, que não terminou bem, e que segundo os habitantes locais teve um tom ameaçador. No entanto, as centenas de famílias alertam que não vão deixar de manifestar suas preocupações e demandas até serem atendidas. Hoje moram quase sem serviços básicos, alertou em entrevista com Rádio Mundo Real o ativista Jeremias Vunjanhe, de Justiça Ambiental – Amigos da Terra Moçambique, que visitou a área em conflito dias atrás.
Vale é a maior produtora mundial de mineral de ferro e pelotas, a matéria prima fundamental para a indústria de ferro e aço, e a segunda maior produtora de níquel. É um gigante mundial.
Desde 2007, a empresa tem a concessão do projeto de extração de carvão mineral em Moatize, em uma zona considerada uma das maiores reservas de carvão mineral do mundo. O empreendimento tem sido muito criticado por alguns grupos nacionais, entre outros motivos, porque cerca de 1.300 famílias foram desalojadas. Além do centro de reassentados de Cateme, o de “25 de Setembro” aloja 500 famílias.
Cansadas de que a Vale não cumpra as promessas assumidas antes do reassentamento em 2009 e de que o governo nacional e provincial não deem respostas, mais de 700 famílias de Cateme deram um ultimatum à companhia e às autoridades em dezembro para que atendessem suas demandas antes do dia 10 de janeiro. Caso contrário, se mobilizariam.
Não houve resposta alguma e as famílias atingidas não hesitaram: na madrugada de 10 de janeiro mais de 600 pessoas se mobilizaram e colocaram barricadas que bloquearam as vias de transporte ferroviário e estradas que passam pela zona. Um comboi de transporte de carvão da Vale foi obstaculizado durante a manifestação. Depois veio o pior: uma severa repressão policial (que incluiu a Força de Intervenção Rápida) à mobilização pacífica acabou com várias pessoas com feridas graves. Houve ainda 14 detidos e conforme a organização Justicia Ambiental, vários deles foram inclusive torturados enquanto estiveram presos.
Mas, quais são as demandas das famílias reassentadas? Jeremias Vunjanhe foi até Moatize para verificar a situação dessas famílias e saber diretamente as demandas que a Vale cumpra com seus compromissos.
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