O que você vê é um arquivo histórico.
Pedimos voluntários para trabalhar com a nova tradução na web.
30 de Março de 2011 | Crônicas | Água | Justiça climática e energia
Baixar: MP3 (1.5 Mb)
A paciência chegou ao limite para os moradores de Temacapulín, no Estado mexicano de Jalisco. É que após cinco anos de resistência contra a construção de uma barragem em “El Zapotillo”, no Río Verde, que ameaça essa comunidade e apesar dos pronunciamentos de organismos de direitos humanos contra o projeto, a empresa construtora e as autoridades de governo têm decidido seguir adiante.
Por isso, desde a segunda-feira 28, cerca de 150 habitantes de “Temaca”, acompanhados por integrantes do Movimento Mexicano Anti-Barragens e em Defesa dos Rios (MAPDER) têm ocupado as obras pacificamente, que só acabará quando se garanta que seus direitos irão valer mais do que o interesse empresarial.
Nem o pronunciamento contundente da comunidade contra a barragem, ratificado recentemente numa consulta pública realizada em Temaca, nem as sentenças judiciais que declararam ilegal a obra ao não contar com as licenças para o uso do solo, têm sido respeitados pelos promovedores desta obra, hoje paralisada pela medida de força da população.
Em outubro do ano passado e dentro do III Encontro Internacional de Atingid@s por Barragens e Aliad@s realizado em Temacapulín, foi realizado o primeiro “fechamento simbólico”, e os moradores já estavam indignados ao constatar que as obras continuavam de forma acelerada. Caso continuasse assim, consideravam que sua comunidade ficaria inundada muito antes do que haviam anunciado as autoridades. A obra estava, desde o início, fundada em enganos.
Assim Temacapulín ouvia os sons da maquinaria que avançava nas obras de um “Novo Temaca”, centro povoado na região mais alta, onde seria deslocada uma comunidade com quatorze séculos de história e cultura registradas
Ao longo do Río Verde existe uma espécie de “cemitério” de barragens hoje abandonadas ao completar sua vida útil e cuja reativação custa mais do que construir uma nova.
Onde está sendo construída a cortina de concreto da barragem trata-se de um poço distante vários quilômetros do acesso à obra, onde não existe telefone nem internet. Um lugar inóspito, com uma paisagme modificada drasticamente pelas obras, onde circulam enormes caminhões constantemente.
Rádio Mundo Real entrevistou o ativista do MAPDER Marco Von Borstel que descreveu o estado de ânimo na zona. Marco destaca que além de ser ilegal e ilegítima, a construção da barragem é inecessária, já que as cidades de Guadalajara (Jalisco) e León (Guanajuato) podem melhorar o uso da água, desperdiçada em até 40 porcento pela fuga de encanamentos em mal estado.
O ativista pediu solidariedade internacional e alerta, já que a presença policial aumentava apesar de não terem sidos registrados incidentes de violência.
“As pessoas estão cansadas, são cinco anos de luta numa comunidade muito pequena. Vale destacar que no último ano morreram doze anciãos em Temacapulín, quando a média anual é de dois anciãos. Há um dano psicosocial muito forte, e os velhos parecem estar resistindo com a morte. Esta barragem é algo que eles nunca escolheram e querem que seja detida agora definitivamente”, contou Marco.
Ao descrever o clima de resistência civil pacífica definido para esta medida, Von Borstel conta que se aguarda a presença no lugar de interlocutores oficiais, que não têm aparecido na comunidade nos cinco longos anos de luta contra a barragem “El Zapotillo”.
O MAPDER convoca a se unir ao protesto seja presencialmente ou enviando mantimentos e materiais necessários para uma medida definida por tempo indefinido.
Rádio Mundo Real 2003 - 2018 | Todo material publicado aqui está sob licença Creative Commons (Atribuição - Compartilhamento pela mesma Licença). O site está construído com Spip, software livre especializado em publicações web... e feito com carinho.