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21 de Dezembro de 2010 | Notícias | Direitos humanos
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Como as mídias alternativas constroem uma mensagem contra hegemônica sem assumir a marginalidade? Em que medida a informação é um ingrediente fundamental embora não uma prioridade nos processos de integração regional latino-americanos? Como democratizar a informação num contexto de impulso das lutas sociais no continente?
Estas e outras questões estiveram nos debates de uma vintena de comunicadores e comunicadoras reunidos na capital equatoriana na semana passada no Encontro Internacional “Construindo uma agenda democrática em comunicação”.
Mas os representantes de mídias e redes de mídias alternativas também partiram de uma análise da situação concreta para concluir que “na América Latina estamos reinventando a democracia: transitamos uma etapa inédita que recupera e atualiza as melhores tradições emancipatórias e de resistência popular”.
Em momentos em que em vários países as mídias hegemônicas ocupam objetivamente o papel de partidos políticos do capital, compartilhar agendas e unificar forças numa única face que reflita a diversidade de enfoques é uma consequência lógica que surgiu nos marcos das sessões desse encontro.
Elas foram realizadas na moderna sede da FLACSO Equador e foram convocadas pela Agência Latino-americana de Informação (ALAI) e a UNESCO através de suas sedes em Quito.
O jornalista uruguaio radicado na Venezuela, Arám Aharonián, que edita a revista Questión indicou no início do encontro na segunda-feira 13 que os mídias contra hegemônicas devem se esforçar por abandonar o lugar de “marginalidade” que está reservado para o monopólio midiático e insistiu na necessidade de gerar novos conteúdos: “temos as mídias, mas se não produzirmos novos conteúdos estaremos fazendo o jogo do inimigo”.
Aharonián, que também representou no encontro a Radio del Sur, indicou que os mídias populares devem reverter sua atitude de “praça sitiada” e também criticou o que considera a “denunciología” como parte importante de los contenidos de dichos medios.
Para Johnatan Vargas, do jornal costa-riquenho El Pregón, é necessário do campo comunicacional “dar ferramentas para que as organizações construam suas próprias mensagens”.
Temas como a desmilitarização do continente, a defesa da Mãe Terra, a batalha contra as transnacionais e o resgate de uma integração real e não do mercado foram ratificados pelas mídias presentes como eixos do trabalho futuro, embora com um compromisso de tratá-los como rede, potenciando e não desperdiçando esforços.
O argentino Ernesto Espeche, da Agência de Imprensa do Mercosul falou da necessidade de sistematizar teoricamente o que está significando a comunicação alternativa e considerou que a comunicação popular deve se “profissionalizar” no sentido de capacitação e especialização dos quadros das organizações sociais.
“O aprofundamento deste processo significa o protagonismo dos espaços de participação coletiva para sustentar e ampliar as políticas públicas de integração regional, reconhecimento de direitos e equidade distributiva nos planos econômicos, sociais e culturais”, indica o texto estabelecido no encerramento do encontro.
E acrescenta: “Nesse sentido consideramos fundamental a democratização da comunicação, a articulação das mídias populares e o fortalecimento das mídias públicas. É assim que a instalação de uma agenda para uma comunicação democrática requer do impulso dos movimentos sociais, dos Estados nacionais e das instâncias regionais de integração”.
Nesse sentido, foram indicados alguns eixos de trabalho coordenado deste espaço aberto, como o caso do Referendum Climático promovido pelo governo boliviano e a Viaa Campesina Internacional.
Também foram estabelecidos temas referentes a mecanismos de alerta que ativem a denúncia e a solidariedade internacional, como no caso do aniversário da ocupação do Haiti por parte das forças armadas dos Estados Unidos a serem cumpridos em janeiro de 2011, bem como o segundo aniversário do golpe de Estado em Honduras.
Em uma Quito curiosamente fria segundo os residentes, se aqueceram os motores e estabeleceram laços para um futuro próximo em que a comunicação alternativa é vista como uma peça fundamental de um outro mundo possível.
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