10 de octubre de 2012 | Entrevistas | Honduras libre | Acaparamiento de tierras | Anti-neoliberalismo | Derechos humanos | Luchadores sociales en riesgo
O ministro de Segurança de Honduras, Pompeyo Bonilla, notificou o dirigente camponês Rafael Alegría que o governo possui informação sobre a existência de um plano para atentar contra sua vida. O presidente Porfirio Lobo confirmou a informação do ministro e diversas organizações sociais do país aumentaram o alerta em defesa do coordenador da Via Campesina Honduras.
Na segunda-feira várias entidades sociais emitiram um comunicado de imprensa onde manifestaram preocupação. Pediram ainda que sejam agilizados os mecanismos de proteção aos defensores de direitos humanos, que sejam investigadas as denúncias das vítimas de perseguição e ameaças, e que sejam identificados e julgados os autores intelectuais e materiais desses fatos. As organizações também pediram solidariedade com o povo hondurenho em geral.
“Sentimos uma grande preocupação”, disse à Rádio Mundo Real José de Jesús Ponce, secretário geral da Central Nacional de Trabalhadores do Campo, uma das organizações que assinaram o comunicado de imprensa. “Isto tem sido pela situação do conflito das terras de Bajo Aguán e as terras que estamos recuperando na zona norte do país”, acrescentou, para explicar em seguida que Rafael Alegría “tem acompanhado essas lutas, é quem sempre sai na mídia denunciando a injustiça, a morte, a prisão injusta dos companheiros camponeses”. Conforme Jesús Ponce, os latifundistas organizados “pensam que tirando um dirigente camponês a luta vai acabar, e isso é mentira”.
No dia 4 de outubro o governo hondurenho disse à Rafael Alegría que contava com informação sobre um plano para assassinar ele, o ministro do Nacional Agrário, César Ham, e a ministra de Direitos Humanos, Ana Pineda. Lobo reuniu-se com o dirigente camponês destacando o alerta de seu ministro, confirmado pelo diretor da Polícia, Juan Carlos Bonilla. A agência Prensa Latina informou que Ham e Pineda coincidem com Rafael Alegría na defesa dos direitos dos camponeses enfrentados com empresários na luta pela terra em Bajo Aguán. Mais de 50 trabalhadores rurais foram assassinados nessa zona desde dezembro de 2009 aproximadamente, após o golpe de Estado de Roberto Micheletti e as Forças Armadas em junho desse ano.
“Aqui não vamos colocar as culpas em ninguém mais. Aqui existem nomes, chamam-se (Miguel) Facussé Barjum, René Morales, Reynaldo Canales e outras pessoas que possuem terras de forma ilegal” em Bajo Aguán, disse Jesús Ponce. “Reúnem-se para tomar essas decisões más, contra os companheiros e os movimentos camponeses”, acrescentou. Facussé, Morales, Canales e Óscar Nájera são os empresários apontados pelos movimentos camponeses de Bajo Aguán como responsáveis intelectuais, pelo menos, da perseguição e assassinato de trabalhadores rurais.
De Jesús Ponce destacou que Rafael Alegría “nunca tem levado a cabo a violência, sempre tem debatido todas as coisas, e por isso lhe “dói” esta ameaça contra sua vida. O secretário geral da Central Nacional de Trabalhadores do Campo, a qual Rafael está afiliado, destacou também que o dirigente da Via Campesina já tem sido ameaçado, notificado sobre planos de ataques contra ele e perseguido várias vezes. “Para nós aqui em Honduras ele tem sido a única pessoa que até este momento, depois de tanta luta, da a cara pelo movimento camponês”, reivindicou de Jesús Ponce.
Nosso entrevistado lamenta que em seu país “as leis não sejam aplicadas a favor do movimento camponês”, e deixou claro sua descrença nos órgãos nacionais de defesa dos direitos humanos, bem como na Polícia. A segurança policial oferecida por Lobo a Rafael Alegria não gera confiança nas organizações sociais. “De que nos serve termos seis ou mais policiais que andem com ele se sabemos que não são afins à nós. O próprio presidente garantiu que queria colocar sua guarda, mas nós não confiamos. Não pode ser qualquer pessoas a que ande com ele porque também pode ’vendê-lo’”, considerou de José de Jesús Ponce.
Na terça-feira, Rádio Mundo Real entrevistou Rafael Alegría e o dirigente manifestou que “a confiança, a credibilidade de nossa Polícia tem se perdido definitivamente”, e acrescentou que tem optado, pelo menos por enquanto, pela companhia de integrantes de vários movimentos sociais, que estão cuidando de sua segurança. No entanto, o dirigente não descarta a cobertura policial e está em contato com os organismos de segurança do Estado.
José de Jesús Ponce chama os órgãos internacionais de direitos humanos a incidirem nos países que dão ajuda econômica para Honduras, especialmente os Estados Unidos, para que não concedam fundos que apoiem empresários, a Polícia e o Exército. “Sabemos que nosso país é pobre. Mas tudo o que vem destinado para o desenvolvimento é dado à Polícia, para que continuem assassinando nossos companheiros”. O dirigente também pediu à comunidade internacional que se pronuncie em defensa da vida de Rafael Alegría.
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