12 de noviembre de 2012 | Entrevistas | Víctimas del cambio climático | Conferencia internacional El Salvador | Anti-neoliberalismo | Industrias extractivas | Justicia climática y energía
A integrante da organização croata Zelena Akcija, Jadoga Munic, foi eleita a nova presidenta da Amigos da Terra Internacional na recentemente finalizada Assembleia Bianual da principal federação ambientalista mundial realizada em El Salvador.
A ativista ambiental conversou com Rádio Mundo Real sobre os ensinamentos da Conferência Internacional Mudanças Climáticas, Movimentos Sociais e Territórios, organizada pela Movimento de Vítimas, Atingidos e Atingidas (MOVIAC) e pelo Centro Salvadorenho de Tecnologias Apropriadas (CESTA), Amigos da Terra El Salvador.
Também reflete sobre um dos pontos principais da agenda na Assembleia Geral Bianual da federação, como o debate sobre a definição de uma “mudança de sistema” em nível estrutural como parte de sua plataforma estratégica.
Jagoda trabalha na luta contra a privatização de recursos naturais dentro de sua organização de base, na Croácia.
Sobre a importância da Conferência no item que tem a ver com a “construção de movimento”, Jagoda indicou que a região da América Latina e o Caribe (ATALC) tem demostrado ser muito boa em matéria de mobilização de comunidades organizadas, bem como com trabalhar junto com essas organizações.
“Para o resto de nós o trabalho da ATALC tem sido um exemplo inspirador sobre como trabalhar com aquelas comunidades atingidas por mineração, grandes barragens e outros mega-projetos. Estar aqui em El Salvador nos tem permitido conhecer o MOVIAC, integrado pelos países de América Central e suas lutas, o que tem nos ensinado um caminho de trabalho junto com comunidades em outras regiões”, afirma Jagoda Munic.
Considerou essa experiência como boa para a federação em seu conjunto já que torna “mais fácil entender o contexto em que as organizações vivem e trabalham”. Portanto é uma grande contribuição, opinou, ao esforço da ATI de “construir movimento”. Assim, e considerando a alta criminalização das lutas pela vida e o território, Jagoda afirmou que devem ser feitos esforços para construir uma “rede de segurança” para o qual requere-se uma contribuição organizativa internacional da federação e suas organizações aliadas.
A Assembleia bianual significou um espaço de quatro jornadas íntegras de intercâmbios e debates entre os representantes de cinco continentes em momentos em que a temática ambiental está em um lugar destacado das lutas e preocupações das populações de todo o mundo.
Em relação com a “mudança de sistema” e o papel da ATI na atual crise do capitalismo e suas consequências, o que debateu a federação em sua Assembleia, a nova presidenta opinou que para uma organização com presença em 77 países do mundo vinculadas ao ambientalismo, a diversidade de vozes, com um balanço entre organizações do “norte” e o “sul” globais, significam uma vantagem que enriquece a análise coletiva.
“Nos próximos anos, devido à crise que enfrentamos em vários níveis –já que não se trata de uma única crise: temos crises climáticas, degradação dos recursos naturais, no preço dos alimentos, fome- e ao colapso da economia que atinge sobretudo a classe trabalhadora, a partir da Amigos da Terra devemos ser muito mais proativos e claros sobre qual é nossa missão nessas mudanças”, acrescentou.
Sementes de mudanças
Finalmente, consultamos Jagoda sobre o significado do debate sobre a “mudança de sistema”, qie apesar de não ter sido fechada, atingiu alguns consensos na Assembleia. “Tenho visto que o atual sistema econômico capitalista, está falhando às pessoas e à natureza. Portanto não é bom para as populações e definitivamente não é bom para o planeta”, disse.
Sobre as alternativas a esse sistema que tem demonstrado incapacidade para dar seguimento à vida no planeta, Jagoda, que representará a federação nos próximos dois anos, apontou que as mídias têm impôsto a ideia de que “já não existe possibilidade de gerar alternativas”, especialmente após a experiência da União Soviética na Europa do Leste. “Hoje vemos em muitas partes do planeta sementes de mudança: muitos grupos hoje debatem uma alternativa para nossos sistemas econômicos, financeiros, de consumo e de produção”, manifestou.
“Não somos os únicos, mas estamos entre aqueles estão debatendo a alternativa a este sistema e talvez há cinco anos atrás não teríamos sido capazes de debater sobre estes aspectos”, concluiu Jagoda.
A identificação tendenciosa entre capitalismo e “democracia” tem significado, nos países da Europa do Leste uma comparação falsa, e hoje em dia os povos buscam suas próprias alternativas em todo o planeta.
Foto: Martín Drago, Amigos de la Tierra Internacional
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