12 de septiembre de 2012 | Entrevistas | Misión Internacional de Solidaridad y DDHH | No al golpe de estado en Paraguay | Anti-neoliberalismo | Derechos humanos | Luchadores sociales en riesgo
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Os camponeses que ocupavam a área de 2000 hectares “Marina Cué”, no departamento paraguaio de Canindeyú, que foram atacados pela polícia no dia 15 de junho, tinham informação de que as terras lhes seriam entregues e estavam se preparando para um festejo.
Foi o que informaram a seus familiares fora do assentamento através de comunicações telefônicas.
Esse é um dos dados mais importantes recolhidos de várias fontes da zona pela Missão Internacional de Solidariedade e Direitos Humanos que trabalha no Paraguai nestes dias, com representantes de organizações e movimentos sociais de vários países. Um dos principais convocantes da missão é a Coordenadora Latino-americana de Organizações do Campo (CLOC) – Via Campesina e FIAN Internacional.
Os camponeses de Marina Cué acreditaram que estavam a um passo de vencer uma luta que já leva nove anos. Foi o que disse à Rádio Mundo Real Juana Evangelista, que cerca das 6 AM do dia 15 de junho recebeu uma ligação de seu marido, Arnaldo Ruíz Díaz, que lhe disse que se preparara para festejar. Algumas horas depois o lutador seria assassinado.
No entanto, outras fontes indicam que os sem terra tinham dados de que podiam receber uma visita policial e resolveram ficar na área e resistir.
No dia15 de junho por volta das 8 da manhã um grande operativo policial, com cerca de 400 policiais em pé de guerra, acabou com a vida de 11 sem terras. Seis policiais caíram em um trabalho realizado como um desalojamento violento, e que tinha no expediente judicial licença para uma invasão.
Lidia Ayala, da zona de Britez Cué, perto de onde aconteceu o massacre, foi uma das pessoas que disse que os camponeses esperavam boas notícias. A camponesa perdeu na matança seu marido, Delfín Duarte, e seu filho, Francisco Ayala.
Humilde, tranquila, abatida, Lidia chegou na quinta-feira à capela San Matías en Yvy Pytã, colônia situada em frente e a alguns quilômetros de Marina Cué. Ali, conversou com Rádio Mundo Real, com o apoio na tradução guaraní-espanhol de Dominga Noguera, da Coordenação de Organizações Camponesas que trabalha pelo direito à saúde no Paraguai.
Lidia contou que no momento de morrer, fazia um mês que seu marido e filho tinham se unido à ocupação de Marina Cué e lamentou que perdessem a vida por querer um pedaço de terra. A camponesa, assim como vários dos familiares dos caídos, exige que as terras em disputa, em mãos irregularmente do empresário agora falecido Blas Riquelme, sejam entregues a essas famílias dos sem terra.
Lidia e seu marido dedicavam-se a plantar sésamo, algodão, milho e mandioca, entre outros cultivos, em Britez Cué. Também tinham porcos. Os moradores da colônia, como os camponeses costumam fazer nessas terras, lhes prestavam terras para que produzissem para seu autoconsumo.
Lidia se enfrenta a uma terrível perda familiar, a uma dor brutal. Sua expressão e toda sua presença transmitem isso. Para enfrentá-lo diz criar pintos e pensa em ter galhinas, sempre com o apoio dos vizinhos.
Enquanto isso, Dominga, durante seu trabalho de tradução, fez um comentário importante que apareceu em vários relatos obtidos pela Missão Internacional de Solidariedade e Direitos Humanos no Paraguai. Avelino Espínola, a liderança que estava desde o começo da luta por Marina Cué, em 2003, estava na mira dos policiais. Os relatos indicam que foi o primeiro em cair no dia 15 de junho.
Foto: Radio Mundo Real
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