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12 de Setembro de 2012 | Entrevistas | Misión Internacional de Solidaridad y DDHH | No al golpe de estado en Paraguay | Direitos humanos | Soberania alimentar
A Missão Internacional de Solidariedade e Direitos Humanos no Paraguai que realizada na semana passada no departamento de Curuguaty serviu entre outros aspectos para que as próprias organizações camponesas e de Direitos Humanos paraguaias tomassem contato direto com a realidade da região abatida pela massacre do dia 15 de junho.
Assim reflete o integrante da Organização de Luta pela Terra (OLT-Via Campesina) e parte da Missão Luiz Ruiz, entrevistado por Rádio Mundo Real.
“Depois de ouvir os familiares temos muito mais informação e meu parecer agora é de que foi montada e organizada” a violência a partir da polícia paraguaia contra a comunidade, buscando um acontecimento de desestabilização como aconteceu logo.
Algumas das vítimas, inclusive, teriam sido executadas diretamente pela polícia, mediante armas de alto calibre. Há testemunhos que indicam a presença na zona de um helicóptero de onde se atirou contra os camponeses, enquanto que outros casos de mortes aconteceram por falta de atenção médica a tempo, diz Luis.
Desta forma, a teoria oficial de que tratu-se de um “enfrentamento” onde teriam participado camponeses armados, argumento utilizado no julgamento político contra o presidente Fernando Lugo, não possui evidências.
Em suas conclusões preliminares a Missão –composta por FIAN Internacional, Campanha Global pela Reforma Agrária (Via Campesina América Central), o Grupo de Pesquisa em Direitos Humanos e Sustentabilidade da Cátedra UNESCO da Universidade Politécnica de Catalunha, Rádio Mundo Real (Amigos da Terra Internacional), ANAMURI (Via Campesina América do Sul)- conclui claramente que a decisão de utilizar violência contra os ocupantes do campo era prévia aos fatos.
“A construção do cenário general -presença policial desproporcional, uso indiscriminado e desmedido da força policial com a presença de cerca de 400 policiais, 20 viaturas, polícia montada, um helicóptero e ambulâncias das 4 da manhã do dia 15 de junho- evidência que das instituições públicas responsáveis já existia uma predisposição a provocar uma situação de extrema violência”, indica-se no documento elaborado pela Missão.
Dentre as organizações paraguaias partícipes da reunião estão: a Mesa Coordenadora Nacional de Organizações Camponesas (MCNOC), a Organização de Luta pela Terra (OLT), a Coordenadora Nacional de Organizações de Mulheres Trabalhadoras, Rurais e Indígenas (CONAMURI), o Movimento Agrário Popular (MAP) e a Organização Nacional de Aborígenes Independentes (ONAI).
Luis Ruiz indica que a luta pela terra em seu país conta com um longo histórico, e a questão é comum a todas as organizações camponesas paraguaias. Desde a Guerra da Tripla Aliança, consistente em uma coalizão das forças hegemônicas no Brasil, nesse então colônia portuguesa, Argentina e Uruguai, que em 1864 massacraram a população civil paraguaia e atrasaram o desenvolvimento do país, diz Luis, “as terras têm sido distribuídas entre os amigos do poder, incluindo estrangeiros”.
Por causa disso e da ditadura do general Alfredo Stroessner, a mais longa das ditaduras militares do Cone Sul, hoje Paraguai é um dos países mais desiguais do planeta em matéria de propriedade da terra.
“Ao lutar pela terra estamos lutando pela verdadeira distribuição da riqueza do país”, conclui.
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