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20 de Outubro de 2010 | Notícias | Bosques e biodiversidade
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A organização internacional Grupo ETC apresentou na terça-feira um relatório detalhado sobre a geoengenharia como medida contra a mudança climática e chamou os governos a apoiarem uma moratória a esta solução técnica. O relatório denomina-se “Geopirataria: os argumentos contra a geoengenharia”.
O Grupo ETC argumenta que os experimentos da geoengenharia, pela escala em que devem ser realizados, excedem totalmente os parâmetros usados nos testes científicos no mundo real e ficam fora do previsto pelas legislações internacionais. São graves ameaças à biodiversidade. “São necessárias precauções extremas perante os riscos extremos” da geoengenharia, expressaram inúmeras organizações da sociedade civil que também apóiam a moratória.
Estas exigências foram feitas nos marcos da X Conferência das Partes (COP) do Convênio sobre Diversidade Biológica das Nações Unidas (ONU) que começou na segunda-feira e se estende até o dia 29 de outubro na cidade japonesa de Nagoya.
A administração da radiação solar, mediante a liberação de aerossóis estratosféricos e o branqueamento de nuvens, ou a fertilização oceânica, são algumas das técnicas de geoengenharia contra a mudança climática. Parece uma afirmação saída de uma novela do escritor francês Julio Verne, considerado o pai da literatura de ciência ficção. Mas não, são soluções à mudança climática propostas pelas grandes corporações e países industrializados.
No entanto, nem todo o setor vinculado à ciência apóia estas medidas “mágicas”. Há alguns meses o organismo científico do Convênio sobre Diversidade Biológica da ONU propôs uma proibição sobre as atividades de geoengenharia relacionadas ao clima mais ampla que a proibição específica de 2008 à fertilização oceânica. Esta nova proposta acrescenta a proibição justamente das técnicas de administração da radiação solar até que todos os riscos e impactos tenham sido avaliados em profundidade.
O Grupo ETC, que promove esta moratória, trabalha sobre questões socioeconômicas e ecológicas globais, relacionadas às novas tecnologias, e especialmente os impactos da técnica sobre povos indígenas, comunidades rurais e a biodiversidade.
O diretor do grupo, Pat Mooney, disse em Nagoya que “alguns dos que propõem essas tecnologias (geoengenharia) pensam que é mais fácil manipular o sol que fazer com que as pessoas utilizem o transporte público”, conforme o comunicado da organização.
A geoengenharia é “uma estratégia política para que os países industrializados se livrem da responsabilidade de sua dívida climática”, indica o documento. Acrescenta ainda que as nações ricas podem adotar políticas social e ambientalmente responsáveis para cortar drasticamente o uso de combustíveis fósseis, ao invés de medidas que atinjam a biodiversidade e as soluções verdadeiras para enfrentar a mudança climática.
O novo relatório do Grupo ETC também denuncia que vários tratados internacionais poderiam ser violados se a geoengenharia se utiliza. Por exemplo, o Convênio sobre Diversidade Biológica, a Convenção sobre a Proibição de Utilizar Técnicas de Modificação Ambiental, o Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais e a Declaração Internacional sobre os Direitos dos Povos Indígenas.
A pesquisa destaca que “a geoengenharia é contra a precaução”. Adverte ainda que: “Inclusive aqueles que querem investir em grande nesse campo reconhecem que não se sabe o suficiente sobre os sistemas da Terra como para tomar o risco de experimentar a geoengenharia no mundo real”.
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