11 de enero de 2013 | Entrevistas | Cumbre de los Pueblos Santiago de Chile | Acaparamiento de tierras | Anti-neoliberalismo | Género | Luchadores sociales en riesgo | Soberanía Alimentaria
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A sede da Central Unitária de Trabalhadores do Chile (CUT), na capital nacional Santiago, foi a escolhida para a conferência de imprensa que os organizadores da Cúpula dos Povos, que vai de 25 a 27 de janeiro nessa cidade, realizaram na sexta-feira para fazer a convocatória pública e aberta a esse encontro.
“Nós pensamos que onde forem se reunir os presidentes, onde estejam estas cúpulas tão importantes, os espaços nossos são tanto quanto ou mais importantes, porque ali está a representação dos movimentos sociais, ou seja, a representação dos povos”, disse à Rádio Mundo Real a liderança Francisca Rodríguez, da Associação Nacional de Mulheres Rurais e Indígenas do Chile (ANAMURI) e a Coordenadora Latino-americana de Organizações do Campo (CLOC – Via Campesina).
É que a Cúpula dos Povos, que será realizada na Faculdade de Urbanismo e Arquitetura da Universidade do Chile (rua Marcoleta 250 da capital), será paralela à Cúpula União Europeia (UE) – Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos (CELAC), na mesma cidade.
Francisca, mais conhecida como “Pancha”, foi uma das oradoras na rodada de imprensa da sexta-feira. As organizações da Cúpula dos Povos chilenos, do resto da América Latina e do Caribe, da Europa e internacionais somam mais de 120. São movimentos, organizações e redes sociais que há muitos anos trabalham nestes processos de construção de alternativas dos povos frente ao poder do capital.
A cúpula “realmente para nós é um espaço de convergência muito importante e pensamos que são estes espaços os que enchem de conteúdo as convergências. Não somente vamos convergir em um debate e uma construção, como também vamos reforçar alianças que nos permitam dar forças a esta convergência”, disse Rodríguez. “Porque realmente creio que estamos com muitas e muito boas propostas”, acrescentou.
A liderança da ANAMURI considerou que este novo encontro dos povos no Chile “é de muita esperança, muita fortaleza, acreditamos que as aprendizagens vão ser muito fortes e isso vai fortalecer a construção de movimentos”. Acrescentou que têm havido lutas importantes em seu país, cenários difíceis como o que atravessa o povo mapuche, perseguido pelas autoridades nacionais, e que espera que “solidariamente os povos da América Latina nos entreguem parte de seu processo de luta, para poder dar conteúdo e força às lutas de nosso país”.
Neste sentido, a militante destacou como um “acontecimento importante” o movimento dos estudantes chilenos, que tem se unido a última momento à Cúpula dos Povos. Os estudantes “estão se unindo lentamente, custa, é um país onde a desconfiança está à flor da pele, onde construir movimentos fortes não é fácil”, considerou. “No entanto, construir propostas políticas não é difícil. Mas para levá-las adiante há um caminho por percorrer e uma aprendizagem que fazer de todo o processo da América Latina”, reconheceu Pancha.
Para ela é de muita importância que a Cúpula dos Povos seja realizada no Chile, que “tem sido um dos países tipos do modelo (neoliberal), exemplo ou mal exemplo para os povos da América Latina”. “Ironicamente, o Chile entrega a presidência (da CELAC) a Cuba. Isso para as organizações, para os movimentos, tem um significado enorme (...). Para nós é muito esperançador este passo de integração que está acontecendo na América e que particularmente hoje em dia esta presidência vá para Cuba”, considerou Pancha.
A representante da CLOC destacou ainda que um dos eixos que está propostos é o da democracia, participação e soberania dos povos diante do poder das corporações transnacionais. Outro eixo importante é o de direitos humanos e trabalhistas, “tudo diante da privatização dos bens comuns”. “Estamos discutindo os temas centrais, educação, saúde, moradia, trabalho e o Bem Viver e direitos da Mãe Terra contra a mercantilização da natureza e da vida, que passa por abordar a questão dos povos indígenas, suas cosmovisões, mas também a proposta muito forte que tem feito a Via Campesina, e que hoje em dia é uma proposta de muitos e muitas, sobre soberania alimentar”, acrescentou. Nossa entrevistada destacou como outros temas importantes a conversar na cúpula a expansão dos negócios para “enfrentar” a crise climática e a apropriação de terras.
Para que a Cúpula dos Povos seja um avanço verdadeiro dos movimentos sociais em suas construções e processos Pancha considerou que “da convergência temos que passar a (fazer) alianças mais sólidas, mais fortes, (...) onde possamos abrir caminhos às propostas que vamos construindo (...), para dar passo a um projeto popular na América Latina”, afirmou.
Pancha destacou ainda a Aliança pela Soberania Alimentar na América Latina e Caribe, “que tem que ser pela soberania alimentar e a terra”, e o avanço dos “processos de aliança e unidade das mulheres tanto do campo, quanto da cidade e indígenas”. “Creio que estamos em um processo de construção de um feminismo camponês e popular que comece com nossa identidade, e este também será um passo à frente”, concluiu a dirigente.
Foto: www.radiomundoreal.fm
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