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11 de Janeiro de 2012 | | |

Por soluções reais

Uma Cúpula e uma Assembleia dos Povos frente a Rio+20: por soluções populares e contra o capitalismo verde

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Vários movimentos, organizações e redes sociais de diversas partes do mundo estão convocando para a “Cúpula dos Povos por justiça social e ambiental, contra a mercantilização da vida e da natureza e em defesa dos bens comuns”, que se realizará no Rio de Janeiro, Brasil, de 15 a 23 de junho.

O objetivo é realizar também uma Assembleia Permanente dos Povos e as duas atividades serão paralelas à Conferência das Nações Unidas (ONU) sobre Desenvolvimento Sustentável (Rio+20), que será realizada na mesma cidade e a 20 anos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento realizada ali.

“Por nossos Direitos e os Direitos da Natureza, contra a Mercantilização da Vida e o Reverdecimento do Capitalismo”, diz a convocatória lançada em dezembro e relançada agora.

As organizações que estão por trás da proposta, principalmente latino-americanas, são: a Alianza de Pueblos del Sur Acreedores de la Deuda Ecológica, Amigos de la Tierra América Latina y el Caribe, la Convergencia de Movimientos de los Pueblos de las Américas, la Coordinadora Andina de Organizaciones Indígenas, Grassroots Global Justice, el Grito Continental de los Excluid@s, Jubileo Sur/Américas, la Marcha Mundial de las Mujeres, el Movimiento Mundial por los Bosques Tropicales, Oilwatch y La Vía Campesina.
Inúmeras organizações sociais têm advertido que a cúpula da ONU de Rio+20 pretenderá estabelecer as bases do “capitalismo verde” ou “economia verde”, com “soluções de mercado” às diversas crises que favorecem aos governos de países industrializados e às grandes corporações transnacionais.

O Brasil está disposto a se envolver em “processos que possam criar a arquitetura (legal) para legitimar o capitalismo como verde”, disse em dezembro à Rádio Mundo Real a ativista Lúcia Ortiz, de NAT – Amigos da Terra Brasil. “Nosso país nunca teve tantos projetos de leis ambientais, que são uma corrida pela mercantilização da natureza e para pintar de verde o capitalismo nesta nova fase, que é de apropriação dos bens comuns”, explicou.

A ambientalista falou de alguns grupos que estão resistindo em seu país esta nova escalada capitalista de ordem mundial. Destacou os pescadores artesanais e reivindicou as bandeiras da “economia solidária, feminista, da reforma agrária e da agroecologia”, que considerou “soluções dos povos”. “Nosso desafio é mobilizar esses diversos grupos e criar um choque de paradigma real a essa suposta conferência pelo desenvolvimento sustentável, que na verdade é pelo capitalismo verde”, resumiu Lúcia.

A convocatória relançada agora defende o direito dos povos, especialmente daqueles mais vulneráveis, a terem acesso a seus territórios, à terra, à água, aos alimentos, à energia, as sementes e meios de vida dignos, e reivindica os direitos da Mãe Terra. Considera que o atual modelo de desenvolvimento é “por definição não sustentável”, e que sua “desumanidade depredadora busca submeter cada aspecto da vida à ação do mercado, antepondo sempre a ganância de uns poucos ao bem viver do conjunto”. E esse modelo tenta assumir “um rosto cada vez mais ’verde’ atrás do qual se esconder”, acrescenta.

Os convocantes à Cúpula e Assembleia dos Povos afirmam que a economia verde “vem a liberalizar a Natureza e seu acesso por parte dos mercados, dividindo em componentes – como o carbono, a biodiversidade ou os serviços ambientais – para gerar ao mesmo tempo títulos de especulação financeira, o controle corporativo, a perda da soberania alimentar e o esvaziamento dos territórios”.

Diante desta realidade, os movimentos e organizações sociais afirmam que é necessário transformar Rio+20 em um processo mundial de forte mobilização, que fortaleça as lutas e resistências por sobrevivência através da construção de alternativas não-capitalistas, como a soberania alimentar.

Reconhecem a crise econômica, ecológica, alimentar, energética, democrática, climática, de direitos, de gênero, que fazem parte de uma “crise civilizatória”. “Frente a enorme festa das falsas soluções que grandes corporações, bancos e entidades financeiras internacionais e os governos cúmplices estão preparando para o RIO+20 com o fim de consolidar um capitalismo reverdecido (...),a Cúpula dos Povos terá o desafio de articular e desenhar as verdadeiras soluções que estão sendo construídas pelos povos, no campo, nos bosques, nas fábricas, nas comunidades, nos bairros, nas escolas e outros lugares de trabalho e de convivência”.

Nos marcos da Cúpula e Assembleia dos Povos no Rio se espera que hajam mobilizações, ações concretas, oficinas de formação e atividades auto-gestionadas, sempre com um forte sentido de defesa da vida, a soberania, a auto-determinação, a igualdade, os direitos humanos e os direitos da natureza. “Rio+20 tem que ser um ponto de partida para uma sociedade mais justa e mais solidária”, finaliza a convocatória, que convida a se juntar até o dia 21 de janeiro através do correio eletrônico: [email protected]

Foto: http://www.flickr.com/photos/foei/

(CC) 2012 Radio Monde Réel

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