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10 de Maio de 2012 | | |

Poder infinito

Organizações denunciam captura corporativa de espaços da ONU

A pressão dos grupos empresariais nas negociações das Nações Unidas (ONU) conseguiu impedir que fossem implementadas soluções efetivas a crises globais como a mudança climática, a fome, a pobreza, a falta de acesso à água e o desmatamento, adverteu nesta quinta-feira Amigos da Terra Internacional.

O lobby empresarial dentro da ONU tem servido, em troca, para que sejam implementadas falsas soluções que respondem aos interesses das empresas, que passam a ter maior controle sobre terras, recursos naturais e pessoas, acrescenta a federação ambientalista em um comunicado de imprensa.

No entanto, este questionamento ao papel das grandes corporações dentro da ONU, e à permissividade do marco multilateral, não responde a uma preocupação só da Amigos da Terra. É a conclusão fundamental da declaração conjunta da sociedade civil intitulada “Não mais controle e cooptação empresarial das Nações Unidas”, que os ambientalistas promoveram no mês passado junto a outras nove organizações com presença em dezenas de países. Algumas delas são a Via Campesina, a Rede do Terceiro Mundo, o Transnational Institute e o Conselho dos Canadenses. A declaração começou a circular no dia 19 de abril e hoje tem a firma de mais de 250 organizações da sociedade civil de diversas partes do mundo.

O comunicado da Amigos da Terra Internacional desta quinta-feira destaca especialmente uma instância das Nações Unidas. “Instituições das Nações Unidas e iniciativas tais como o Pacto Global oferecem demasiado espaço à influencia das corporações privadas”, indica o texto. No entanto, a federação ambientalista, presente em cerca de 80 países, adverteu várias vezes sobre a captura das empresas de vários âmbitos de negociações da ONU, como as Conferências das Partes (COP) da Convenção Marco sobre Mudança Climática.

O Pacto Mundial é, conforme informação oficial, uma iniciativa internacional proposta pela ONU com o objetivo de conseguir um compromisso voluntário das empresas para “tornar seus, apoiar e levar à prática” um conjunto de valores em matéria de direitos humanos, normas trabalhistas, meio ambiente e luta contra a corrupção.

“O Pacto Global clama que, das empresas que assinaram ‘aderir aos padrões internacionalmente aceitos’, (mas) muitas delas na realidade constantemente falham em cumpri-los.”, adverte Amigos da Terra. “Ao contrario do que diz o Pacto Global, não existe um mecanismo crível de responsabilização. O Pacto Global apenas expulsa companhias se as mesma não relatam sobre violações aos direitos humanos, não por causarem estas violações como tais”, acrescenta.

O escritório do Pacto Mundial respondei à declaração da sociedade civil, argumentando que sempre tem deixado claro que a ONU e a comunidade dos negócios não compartilham os mesmos objetivos, e que só há algumas áreas de interesse em comum.

No entanto, os promotores da declaração das organizações e movimentos sociais reafirmam que a iniciativa do Pacto Mundial ignora as más práticas empresariais, e facilita a cooptação empresarial dos processos e resultados da ONU.

O coordenador da campanha de Corporações da Amigos da Terra Internacional, Paul de Clerck, avaliou que “A resposta do Pacto Global ignora completamente a mensagem fundamental que é a de que a iniciativa oferece demasiada influencia ao setor privado e esquece que o papel da ONU é o de proteger as pessoas e a natureza contra crimes das corporações”. “Em resultado, a ONU está crescentemente promovendo falsas soluções que não servem aos interesses públicos, mas principalmente ajudam as empresas a aumentarem seus lucros’”, lamenta Paul de Clerck.

No inicio deste mês o Grupo Principal de ONGs que seguiu as negociações da ONU em Nova Iorque, Estados Unidos, sobre a cúpula de Rio+20 (que será realizada em junho no Rio de Janeiro), também alertou governos e organismos desse marco multilateral sobre o perigo de cooptação empresarial. Em uma declaração do dia 1º de maio, esse grupo afirmou que “a sociedade civil continua se sentindo muito incômoda com o conceito de economia verde, utilizado para disfarçar de verde o velho modelo desacreditado de desenvolvimento insustentável”.

Foto: http://www.tni.org

(CC) 2012 Radio Monde Réel

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