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25 de Maio de 2010 | | |

Panacéia em oferta

Jorge Stanley, do Movimento da Juventude Kuna do Panamá

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As falsas soluções promovidas pelos organismos internacionais sobre a mudança climática são definidas como uma “desapropriação silenciosa” por este integrante das comunidades indígenas kunas.

Os países industrializados “vendem essa panacéia”, fornecem grandes quantidades de capital para poder continuar contaminando com suas indústrias e seus níveis de consumo “e isso evidentemente nos atinge”, analisa em entrevista com Rádio Mundo Real Jorge Stanley Mani.

Mani também é referente do Comitê Internacional de Planificação (CIP) para a Soberania Alimentar da FAO para os povos originários. Nesse caráter participou ativamente da recente consulta regional sobre uso e posse da terra e outros recursos naturais realizada em Brasília.

Nos territórios kunas, sob jurisdição do Estado panamenho, têm se aplicado os planos de florestamento como mecanismo de captura de carbono, o que representa um novo “negócio ambiental” pela Organização das Nações Unidas (ONU).

“Isto tem mudado todo o modo de consumir de nossas comunidades. Muitos pensam: estamos administrando dinheiro, não, na verdade esse dinheiro é uma compensação pelo que verdadeiramente está acontecendo: uma desapropriação”.

Mineração, grandes hidrelétricas, turismo residencial, bases militares com o objetivo de controlar os movimentos sociais fazem parte de um mesmo esquema de ocupação de soberania de estados e conjunção de força econômica e militar para tornar sustentável o esquema capitalista internacional.

Para os kunas, a mudança climática representa uma encruzilhada, já que moram em ilhas: o mar Caribe cresce e várias das comunidades terão que empreender a “volta” a terra firme, uma mudança cultural e enorme.

“A política internacional tem querido que Panamá seja um país piloto quanto à aplicação dos mecanismos de captação de carbono, por exemplo, o que tem impedido muitas de nossas comunidades aproveitar o território de forma sustentável como o fazem há milênios”, comenta Mani.

«Bomba de tempo»

“Há bolsas de territórios onde seus habitantes estão passando fome, porque as populações não podem produzir”, afirma Mani.

“Este espaço de Brasília serviu para compartilhar essas informações, para comprender um pouco mais a nós mesmos. Apostamos que estas diretrizes sejam vinculantes e que sejam respeitadas pelos governos”, considera Mani e compara a situação com o longo caminho seguido pelos povos originários para seu efetivo reconhecimento no sistema de direitos internacional.

(CC) 2010 Radio Monde Réel

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