23 de mayo de 2011 | Noticias | Derechos humanos
Descargar: MP3 (2.4 MB)
Neste domingo, enquanto no Estado espanhol são celebradas eleições regionais e municipais, completava-se uma semana de mobilizações convocadas pela plataforma cidadã Democracia Real Ya, que no dia 15 de maio passado iniciaram um inusual fenômeno de participação com uma concentração na Porta do Sol em Madri, onde destaca-se a grande presença de jovens.
Este fato, que originou o fenômeno chamado "15-M" em Madri e que logo foi repetido em outras cidades do Estado, foi uma forma espontânea de repúdio ao rumo que está tomando o país -marcado pela crise econômica e o desemprego, que supera 40% entre os jovens menores de 25 anos- e para exigir profundas mudanças políticas e sociais.
"Somos gente comum. Somos como você: gente que acorda a cada manhã para estudar, trabalhar ou procurar trabalho, gente que tem família e amigos. Gente que trabalha duro a cada dia para conseguir um melhor futuro para os que nos cercam", começava dizendo o manifesto da plataforma, cujas propostas estão destinadas contra o desemprego e os "privilégios da classe política", e exigiam a ampliação do direito à moradia e a expansão das liberdades cidadãs, serviços públicos de qualidade, controle das entidades bancárias e redução do gasto militar, além de outras reivindicações.
Definida como um movimento distanciado das expressões da política tradicional, como os partidos e os sindicatos, a plataforma se distanciou das eleições celebradas no domingo e de seus resultados.
"Como movimento não vamos dizer nada das eleições [porque] nosso cavalo de batalha é outro", disse um dos porta-vozes da comissão de comunicação da plataforma à agência espanhola EFE. Além disso, os manifestantes consideraram que não deviam ser atribuídas a eles quaisquer responsabilidades sobre o resultado das eleições, consideradas uma derrota para o governante Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), devido a que consideraram que eram os próprios partidos os que deviam enfrentar as consequências.
Nas eleições, celebradas a menos de um ano das eleições gerais, o conservador Partido Popular (PP) venceu com uma vantagem de quase dez pontos sobre o PSOE.
Conforme EFE, com o 96,04 porcento dos votos apurados, o PP obteve 37,59% dos votos contra 27,82% do PSOE, enquanto que a opção esquerdista Esquerda Unida (IU, sigla em espanhol) obteve 6,35 porcento dos votos, o que consagrou esse partido como a terceira força política do país. Outras opções relevantes atingiram de dois a quatro porcento do apoio eleitoral.
O crescimento do PP foi interpretado pelo coordenador geral de IU, Cayo Lara, como uma consequência das políticas neoliberais adotadas pelo PSOE. "O PP não é a alternativa que precisa nosso país", afirma o dirigente à agência Europa Press, e previu políticas mais conservadoras a partir do crescimento desta força.
Por sua vez, os acampados na Porta do Sol afirmaram que vão continuar com sua manifestação pelo menos, mais uma semana , ou até que sejam estipuladas propostas concretas e viáveis. O acampamento, que está formalizado e agora conta com carpintarias e creches para cuidar as crianças, já tem instalado painéis solares e uma horta, onde segundo o jornal espanhol Público, há um cartaz com a frase: "Se resistirmos 40 dias, vamos comer alface". Um sinal de que os manifestantes pretendem continuar com a mobilização exigindo uma democracia participativa.
Imagem: http://www.democraciarealya.es
Radio Mundo Real 2003 - 2018 Todo el material aquí publicado está bajo una licencia Creative Commons (Atribución - Compartir igual). El sitio está realizado con Spip, software libre especializado en publicaciones web... y hecho con cariño.