17 de junio de 2012 | Entrevistas | Cumbre de los Pueblos en Rio+20 | Anti-neoliberalismo | Derechos humanos
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Uma das plenárias que começaram a funcionar hoje na Cúpula dos Povos que está sendo realizada no Rio de Janeiro, é a de “Defesa dos bens comuns contra a mercantilização da vida e da natureza”. Durante todo o día integrantes de movimentos e organizações do Brasil e do mundo inteiro estiveram manifestando as ameaçam existentes contra os bens comuns, e as alternativas possíveis e já existentes para protegê-los contra a mercantilização.
Uma das militantes encarregadas de fazer uma das falas disparadoras da plenária foi Larissa Packer, integrante da organização Terra de Direitos e da Carta de Belém. Para saber um pouco mais sobre o funcionamento e os objetivos da metodología desta Cúpula dos Povos, Rádio Mundo Real conversou com Larissa.
Larissa disse primeiramente que a cúpula dos povos não é um evento e sim um proceso social que vem sendo construído há muito tempo. “A cúpula é paralela à Rio+20 mas isso não significa que ela guarda alguma relação profunda” com esse evento. A integrante de Terra de Direitos afirma que esta é uma cúpula “independente onde os povos do mundo vão se reunir para apontar as falsas soluções e as causas estruturais das crises ambiental, ecológica, de distribuição de alimentos, financeira, económica, apontar as operativas reais dos povos e continuar esse processo social de lutas, continuar a partir de um calendário de lutas e campanhas, que a partir do dia 22 vão ser unificadas, para que as mobilizações aconteçam de forma mais unitária.”
A importância da unidade nas lutas das organizações e movimentos é um dos objetivos claros deste processo da Cúpula dos Povos para a militante: “Nós estamos conclamando pela unidade anti-capitalista, contra-hegemónica ao modelo, e identificar realmente pautas estruturais onde os movimentos possam se organizar e se mobilizar, continuar e massificar esse processo histórico de luta social.”
Por outro lado, Larissa explicou o funcionamento e os objetivos da metodologia central da cúpula que começou a funcionar hoje. Nos días 17 e 18 vão funcionar as cinco plenárias de convergência temáticas que “vão estar debatendo as falsas soluções e as causas estruturais das crises, as nossas soluções, as soluções dos povos para as crises, apontando o que já vem sendo feito nos territórios de soluções práticas, de distribuição de riqueza, de renda, reforma agrária, decrescimento, etc. E também vão estar discutindo esse período de lutas, para o próximo período de luta social.”
As plenárias vão convergir em três assembleias dos povos (días 19, 21 e 22 de junho), que vão reunir as causas estruturais, as soluções e a agenda e calendários de lutas para a frente. A partir daí o objetivo segundo Larissa é “sair com um calendário de mobilizações entre as organizações de forma mais unificada, anti-capitalista, anti-imperialista e de uma forma mais unificada.”
A militante explicou questões interessantes sobre as Plenária 4 e 5. Sobre a cuarta plenária, ela disse que ali serão discutidos megaprojetos de infraestrutura e indústria extrativista de mineração e petróleo, onde haverão “discussões intensas sobre o complexo hidrelétrico na Amazônia: Belo Monte, Complexo Tapajós; a extração de petróleo aquí no pré-sal e a contradição de o Brasil estar aumentando a sua base de combustíveis fósseis e ainda querer vender ativos ambientais para o mundo como uma potência verde”.
Larissa falou também da particularidade da quinta plenária “onde um fenómeno muito interessante vai acontecer: o mundo sindical vai discutir trabalho, trabalho digno, redução de horas de trabalho, etc, junto com a cosmología indígena e o bem-viver. O que significa esse bem-viver para o mundo do trabalho. Então, ali vão acontecer, talvez pela primeira vez, um encontro muito interessante entre o mundo do trabalho, e outro paradigma de trabalho, que não só a relação entre maisvalía e emprego”.
Por último, falamos com Larissa sobre alguns dos problemas que enfrenta o Brasil em termos de mercantilização e privatização de bens comuns, particularmente sobre a ameaça que representa a PEC 215 e a situação em relação à aprovação do Código Florestal.
Foto: RMR
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