A Coordenadora Andina de Organizações Indígenas (CAOI), que reúne várias organizações do continente, está convocando para a V Minga Global pela Mãe Terra, no contexto de “uma civilização construída para a conquista, o saqueio, a depredação e a acumulação”.

Enquanto os governos dos países latino-americanos falam geralmente dos 520 anos da “descoberta da América” por Cristóvão Colombo, os povos e organizações indígenas dizem foi uma conquista e que não há nada que festejar. Assim, mobilizam-se com inúmeras demandas.

No Paraguai, os povos originários pedirão nesta quinta-feira reconhecimento em uma marcha pelas ruas de Assunção, a capital do país, na prévia a uma data que lembram como o desapossamento de suas terras no continente.

Os indígenas pedem o reconhecimento legal de líderes, comunidades, organizações, clãs e grupos de povos originários. Exigem também respeito à terra, aos territórios, moradia digna e políticas públicas que atendam suas problemáticas.

No Panamá, as organizações originárias estão rejeitando a celebração da “descoberta” da América e a ideia de “encontro de duas culturas”, quando foi uma conquista e destruição das sociedades que os conquistadores encontraram.
Na capital colombiana, Bogotá, está sendo realizdo desde domingo e até sexta-feira o VIII Congresso Nacional da Organização Nacional Indígena da Colômbia (ONIC), que reúne os povos originários do país e está celebrando seus 30 anos. Mais de 5000 representantes de diversas comunidades indígenas estão participando do encontro. Alguns dos objetivos são o acordo de um projeto político e a unificação de propostas sobre uma negociação do governo nacional com a guerrilha esquerdista das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).

Por sua vez, a CAOI, está convocando os povos indígenas do mundo para se mobilizarem nesta sexta-feira, nos marcos da V Minga Global pela Mãe Terra, que abre um período de manifestações e atividades indígenas. A CAOI convoca a debater e construir propostas em defensa da diversidade biológica e cultural, para a livre determinação indígena afim de que esses povos decidam seus próprios modelos de vida, e para a construção de um novo paradigma civilizatório, “alternativo ao neoliberalismo extrativista”, conforme um comunicado de imprensa.
“Depois da Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável Rio+20 e em vésperas da XVIII Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 18), os movimentos indígenas e sociais do mundo temos muita clareza: os poderosos que governam o mundo, as multinacionais e os países do Norte, não têm interesse na vida, unicamente na acumulação desmedida, o hiper-consumismo para os ricos e o desapossamento para os pobres”.

A CAOI considera que hoje domina “uma civilização construída para a conquista, o saqueio, a depredação e a acumulação”, e reivindica a construção de um paradigma civilizatório baseado no bem viver e o reconhecimento dos direitos da Mãe Terra.

Foto: http://www.katari.org