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19 de Janeiro de 2011 | Notícias | Bosques e biodiversidade
Monoculturas
Mais uma fábrica de celulose será instalada no Uruguai
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A empresa Montes del Plata do Uruguai, consórcio das empresas Arauco de Chile e Stora Enso da Suécia e Finlândia, assinou na terça-feira o contrato de investimento para a instalação de uma fábrica de celulose na localidade uruguaia de Conchillas, departamento de Colonia.
Foi o que anunciou a companhia em rodada de imprensa na Torre Executiva, sede do governo na capital uruguaia, Montevidéu. O investimento total atingiria 1,9 bilhão de dólares, o maior investimento privado na história do país.
O empreendimento inclui a construção de uma planta de celulose, um porto para a exportação desse produto e e a chegada de madeira, e uma unidade geradora de energia com base em recursos renováveis (biomassa florestal).
A madeira que servirá de matéria prima para a nova industria chegará de plantios da própria Montes del Plata de nove departamentos do país. O consórcio entre Stora Enso e Arauco é o maior proprietário de terras do país, com mais de 250.000 hectares.
A nova fábrica estaria funcionando no primeiro trimestre de 2013. Conforme um comunicado da empresa, durante a fase de construção haverá uma média de 3.200 trabalhadores, chegando a um máximo de 6.000. Terminada a construção, 500 pessoas ficariam trabalhando de forma direta.
O aumento do florestamento no Uruguai e a instalação de fábricas de celulose preocupa as organizações ambientalistas nacionais, especialmente as reunidas Grupo Guayubira, pelos impactos ambientais e sociais dessas atividades. Dentre eles destaca-se a escassez de água nas zonas com monoculturas de árvores, o expulsão dos produtores rurais e consequente queda da produção de alimentos, a latifundização e estrangeirização da terra.
O Uruguai já possui uma fábrica de celulose funcionando, da empresa finlandesa UPM-Kymmene, e cerca de um milhão de hectares plantados com eucaliptos e pinos. O país tem ao todo 16 milhões de hectares cultiváveis.
Em novembro de 2010 o Grupo Guayubira denunciou pressões de Montes del Plata ao Ministério de Pecuária, Agricultura e Pesca para que reclassifique os solos do departamento de Colonia e acrescente 100.000 hectares de prioridade florestal. A superfície total de Colonia é de 610.000 hectares, conforme Guayubira. Para Montes del Plata os plantios no departamento em que instalará sua fábrica de celulose significam o abaratamento dos custos de transporte.
A meados de dezembro o intendente de Colonia, Walter Zimmer, indicou: “mais zeloso que eu para que não haja florestamento não vão encontrar”, conforme El Ecosemanario do Uruguai.
No fim desse mês o Conselho Departamental de Colonia (Poder Legislativo) aprovou por maioria um decreto que regula os projetos florestais no território. Concretamente, foi proibido “todo empreendimento florestal que supere 8 porcento da superfície de padrões rurais menores a 100 hectares”, conforme o jornal uruguaio La República. A medida visou manter a diversidade produtiva do departamento, entre outras coisas.
Dois meses antes o intendente de Colonia havia pedido apoio ao presidente uruguaio, José Mujica, para penalizar o plantio de monoculturas de árvores nesse território. Zimmer destacou nesse momento que Colonia é um departamento produtivo, produtora de leite com solos de alta qualidade para cultivar alimentos, com uma acumulação genética pecuária de 50 anos.
“É um crime, um assassinato, tomar uma área de campo e plantar árvores, é arruinar o departamento onde somos produtores de alimentos e temos uma reserva de água muito importante. Aqui o que vai faltar no futuro são alimentos e água, e cada eucalipto absorve 200 litros de água por dia”, disse Zimmer, conforme El Ecosemanario. O tempo dirá se sua vontade política se mantém e se tem, neste caso, mais força que o capital transnacional.
