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6 de Setembro de 2011 | Notícias | Justiça climática e energia
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O primeiro ministro japonês, Yoshihiko Noda, viajará nesta quinta-feira à província de Fukushima, a mais atingida pelo terremoto e posterior tsunami do dia 11 de março no nordeste do país, que deixou ainda como saldo uma terrível crise nuclear pelas explosões conseguintes na central Fukushima 1, na província de Ibaraki. Os níveis de radiação são arrepiantes.
Especialistas alertam que a contaminação atual equivale a dezenas de bombas atômicas como a lançada pelos Estados Unidos na cidade japonesa de Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945, durante a Segunda Guerra Mundial.
Conforme a agência Europa Press, o primeiro ministro do Japão está considerando se reunir em sua visita a Fukushima com o governador local, Yuhei Sato, e a possibilidade de inspecionar várias zonas que estão num raio de 20 quilômetros. Noda também visitaria as instalações esportivas J-Village, usadas como acampamento-base para distribuir ajuda à população.
Enquanto isso, o ex-primeiro ministro japonês, Naoto Kan, que renunciou no fim de agosto, admitiu em uma entrevista que pouco depois do dia 11 de março temeu que Tóquio, capital do país, ficasse inabitável. A cidade está a cerca de 250 quilômetros ao sul da central Fukushima 1. “As cenas de Tóquio deserto, sem uma só pessoa nas ruas, passaram por minha mente”, disse ao jornal Tokyo Shimbun. Kan reconheceu que evacuar os 30 milhões de habitantes de Tóquio teria sido “impossível”, considerando que a energia nuclear é uma opção muito perigosa.
O ex-premier renunciou em meio a fortes questionamentos a sua gestão da maior crise do país após a Segunda Guerra Mundial. Apresentou sua renúncia após aprovadas três leis fundamentais, que incluem a duplicação do uso de energias limpas no país até 2020 e um orçamento para a reconstrução das áreas atingidas pelo terremoto e o tsunami.
Centenas de organizações sociais japonesas e de diversas partes do mundo estão denunciando os altos níveis de radiação aos que está submetida a população da zona atingida. Pedem especialmente que seja reduzida a quantidade de radiação considerada aceitável para a população, especialmente para crianças (de 20 a 1 milisievert por ano), e que sejam tomadas todas as medidas necessárias para reduzir os níveis de exposição.
No dia 17 de agosto várias organizações da sociedade civil japonesa apresentaram um documento ao Escritório da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, a sul-africana Navanethem Pillay, onde alertaram sobre as violações de direitos de crianças de Fukushima.
Algumas destas entidades são a Rede de Fukushima para Salvar as Crianças da Radição, Amigos da Terra Japão, Green Action e Greenpeace.
“As crianças de Fukushima têm o mesmo direito que todas as outras crianças do Japão a morar uma vida livre de uma exposição à radiação inecessária e prevenível”, diz um comunicado de imprensa da Amigos da Terra Japão. “Pedimos urgentemente que o Escritório da Alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos venha ao país a investigar este assunto”, acrescenta.
A Companhia Elétrica de Tóquio (TEPCO), responsável por Fukushima 1, registrou no dia 2 de agosto os níveis de radiação mais altos na zona após o acidente nuclear. A empresa encontrou nesse dia 10 sieverts (10 000 milisieverts) por hora de radiatividade. Conforme o Ministério de Ciência japonês, se uma pessoa fosse exposta a esses níveis de radiatividade morreria em um prazo de uma ou duas semanas, informava nesse momento o jornal espanhol El País.
A meados de agosto o doutor Tatsuhiko Kodama, chefe do Centro Radioisótopo da Universidade de Tóquio, que medido as radiações no país, forneceu cifras alarmantes da contaminação nuclear de Fukushima 1.
Conforme a Agência Al Jazeera, Kodama informou que o total de radiação liberada durante mais de cinco meses equivale a mais de 29 “bombas atômicas do tipo de Hiroshima”.
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