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20 de junio de 2011 | | |

"Estão acabando com nós"

Mineração ameaça fontes de água em Cuenca (Equador) e povoados próximos

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Uma missão de verificação sobre os efeitos da mineração contra a Soberania Alimentar e a criminalização do protesto social trabalhou dias passados em cantões próximos à cidade equatoriana de Cuenca, onde a partir deste 21 de junho será realizado o Encontro Continental dos Povos de Abya Yala em defesa da água e a Pachamama.

A empresa canadense Iamgold, que obteve a concessão de prospecção e exploração de reservas de ouro no páramo de Kimsacocha aparece como a principal ameaça as fontes de água na terceira metrópole equatoriana. Embora não é a única.

No entanto, experiências não tão distantes no tempo permitiram que as comunidades conhecessem os efeitos nefastos da mineração para a produção de alimentos e o acesso à água para irrigação e potável. E com base nisso têm criado sua resistência.

Foi o que contaram os habitantes de zonas próximas a Cuenca como Tarqui, Girón, Cochapata, Santa Isabel e San Juan de Gualaseo aos integrantes da Missão de Verificação sobre o Direito à Alimentação e criminalização do protesto social.

O grupo de trabalho esteve integrado por membros da organização FIAN Equador, o coordenador da Plataforma Continental de Direitos Humanos Pablo De la Vega e jornalistas da Rádio Mundo Real.

O relatório preliminar do recorrido será apresentado nesta terça-feira durante o Encontro Continental dos Povos de Abya Yala em defesa da água e a Pachamama e divulgado junto a um documentário.

O Encontro reunirá ainda um painel ético de integração internacional para avaliar os casos de criminalização contra os defensores e defensoras do direito à água como direito humano.

Sobre isto Arnulfo Cañar disse à Rádio Mundo Real: “em nossa zona já temos experiência com uma mineradora que funcionou aqui há 20 anos e ainda sofremos as consequências. Ficando em silêncio estariamos fazendo parte das minas”.

A extração de prata e minerais para a elaboração de cerâmica, envenenou suas fontes de água até que o negócio deixou de ser lucrativo e a empresa abandonou a mina deixando um poço que não serve para reservar água devido ao alto nível de metais pesados que contém.

Ana Heras Puchas, integrante da comunidade de Santa Isabel comentou por sua vez a Missão: “Nunca fomos consultados em nossa comunidade sobre a concessão mineradora. Estamos contra ela porque estão acabando com nós. Não podemos comer um prato de ouro, mas sim nossos produtos”.

“Temos visto em outros países as pessoas feridas, sem poder beber água nem tomar banho nela por culpa dos venenos que joga a mineradora”, disse Carlota Muñoz, da zona de Tarqui perto de Cuenca.

(CC) 2011 Radio Mundo Real

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