7 de julio de 2011 | Noticias | Honduras libre | Derechos humanos | Luchadores sociales en riesgo
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A Direção Geral de Investigação Criminal hondurenha deteve na terça-feira o professor Carlos Danilo Amador, secretário do Comitê Ambientalista do Valle de Siria, departamento de Francisco Morazán. O dirigente é um opositor público da atividade na zona da mineradora Entremares, filial da transnacional de origem canadense Goldcorp.
A detenção de Amador “é uma amostra mais do suposto ’Estado de Lei’ que têm sequestrado Honduras”, adverte em um comunicado de imprensa a Organização Fraternal Negra Hondurenha (OFRANEH), que representa o povo garífuna. Esta prisão “questiona a Justiça em Honduras, onde a maioria dos operadores de justiça estão à serviço dos interesses da elite feudal que controla o país”, acrescenta.
Amador, também comunicador social, foi detido na terça-feira no município de Talanga, em Franciso Morazán. A ordem judicial de captura contra el e o dirigente comunitário Marlon Róbelo Hernández foi emitida pelo Tribunal de Letras de Talanga, graças à denúncia da família Raudales Urrutia, que os acusa de obstaculizar a implementação de um plano de manejo florestal, autorizado pelo Instituto de Conservação Florestal, para uma área de 600 hectares no monte La Terracita, município de El Porvenir, Francisco Morazán. O Comitê Ambientalista de Valle de Siria vincula a prisão de Amador também a sua oposição às ações de Entremares (Goldcorp).
Conforme o Observatório Ecumênico dos Direitos Humanos em Honduras, Amador acompanha solidariamente desde 2010 a luta de mais de 1000 famílias de comunidades dessa zona que se opõem à exploração da reserva forestal, com o fim de proteger suas fontes de água. Amador liderou a mobilização da comunidade de Valle de Siria para defender a floresta no monte La Terracita quando em abril homens armados com motosserras tentaram desmatá-la. De 600 a 700 pessoas estiveram no lugar para evitar a destruição. Nesse momento, o dirigente denunciou a irresponsabilidade tanto da Fiscalia do Ambiente como do Instituto de Conservação Florestal, que já sabiam das tentativas de desmatamento e não haviam tomado medidas para detê-las.
A mineradora Entremares está há muitos anos no Vale de Siria e é acusada de contaminar com cianeto e outros metais pesados, o que tem prejudicado a saúde da população local, conforme a OFRANEH.
A transnacional Goldcorp possui antecedentes de destruição ambiental e violação de direitos humanos. Por exemplo, na Guatemala, a sua filial Montana Exploradora é proprietária da mineradora Marlin, nos municípios de San Miguel Ixtahuacán e Sipacapa, departamento de San Marcos. Ali a mineradora violou o direito dos povos indígenas a serem consultados e a sua autodeterminação. O empreendimento também viola o direito à saúde, à proteção do meio ambiente e de acesso à água, entre outros.
De fato, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização de Estados Americanos (OEA), reconheceu em maio de 2010 que a concessão mineradora para Montana Exploradora e o início da exploração (2005) concretizaram-se sem consulta prévia plena, livre e informada das comunidades atingidas do povo maya. Por isso a Comissão ordenou o Estado guatemalteco uma suspensão das atividades.
“O vale de Siria transformou-se em um clara sinal das graves consequências que representa a mineração à céu aberto, as graves consequências ambientais e o mísero lucro que fornece ao erário nacional”, lamenta a OFRANEH.
“É inaudito o fato de que a Direção Geral de Investigação Criminal tenha detido o ambientalista Amador, que tem como vocação defender a Mãe Terra”, expressa a organização garífuna. “No entanto, esta é uma amostra da política de direitos humanos que existe no país”, conclui a organização.
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