O que você vê é um arquivo histórico.
Pedimos voluntários para trabalhar com a nova tradução na web.
17 de Maio de 2011 | Notícias | Anti-neoliberalismo | Indústrias extrativas
Baixar: MP3 (2.1 Mb)
Uma “errata” no relatório 2010 da Shell foi apresentada nesta terça-feira na Haya, Holanda, onde a empresa realizou sua assembleia geral anual de acionistas. No documento Shell “admite” que suas operações petroleiras, gasíferas e de produção de agrocombustíveis “estão provocando muito dano não desejado e inecessário” em nível mundial.
A empresa afirma ainda que “aprendeu destes erros” e promete “assumir total responsabilidade para prevenir e diminuir os custos para o meio ambiente e as pessoas atingidas” por suas operações.
Claro que este documento não foi elaborado pela grande corporação petroleira anglo-holandesa, que jamais teria semelhante ataque de honestidade empresarial. Trata-se de uma ideia da federação ambientalista Amigos da Terra Internacional, que esteve presente na Haya para entregar a “errata” elaborada pelos acionistas da Shell. Também estiveram presentes representantes de várias comunidades atingidas pela companhia.
O relatório destaca 12 casos de ações da Shell em cinco continentes (Canadá, Nigéria, Brasil, Filipinas e Austrália, entre outros países). Mostra os impactos climáticos e ambientais de suas operações petroleiras e gasíferas, e sua ameaça à vida de diversas comunidades locais. Mas o documento também denuncia casos nos que a empresa é acusada de violar direitos humanos, de leis nacionais e internacionais, suborno, corrupção, escravidão e interferência na política para garantir lucros.
“A errata deveria servir como um chamado de alerta par os acionistas e ao direção da Shell”, indica um comunicado de imprensa divulgado nesta terça-feira por Amigos da Terra Internacional.
O camponês nigeriano Eric Dooh, que apresentou um julgamento contra a Shell na Holanda pela negativa da empresa de limpar seus derrames petroleiros em estanques de peixes e em seus campos, alertou que esses derrames “têm contaminado seriamente a água e a terra agrícola de nossa localidade”. “Queremos que a Shell limpe a contaminação para poder voltar a pescar e cultivar”, destacou Dooh, que no dia 19 de maio se enfrentará à companhia numa audiência judicial na Haya.
Amigos da Terra exige que a Shell limpe sua contaminação e pague compensação às comunidades atingidas em nível mundial, fim das violações dos direitos humanos e também compense as vítimas, melhore a manutenção de suas operações para evitar novos casos de contaminação e diminua sua huella de carbono. A federação ambientalista também pede a Shell que ponha fim aos trabalhos que propõem graves riscos aos abastecimentos de água, à saúde, a agricultura e a biodiversidade, como por exemplo suas perfurações no Ártico e em alto-mar.
O coordenador da campanha de corporações da Amigos da Terra Internacional, Paul de Clerk, disse que espera “que as promessas na errata que redigimos para a Shell tornem-se realidade”. A companhia “é consciente do dano que está causando ao meio ambiente e da violação aos direitos das comunidades locais em que está envolvida. Queremos que a Shell tome medidas para compensar este dano e evitar outros futuros”, acrescentou.
Foto: http://www.foei.org/
Rádio Mundo Real 2003 - 2018 | Todo material publicado aqui está sob licença Creative Commons (Atribuição - Compartilhamento pela mesma Licença). O site está construído com Spip, software livre especializado em publicações web... e feito com carinho.