Além de reprimir as mobilizações deste fim de semana, com um saldo de mais de 20 feridos, a polícia panamenha deteve no sábado dois jornalistas de nacionalidade espanhola, acusados organizar supostamente os protestos e por incitar violência.

Imagens de uma câmera de segurança onde aparece o jornalistas europeu conversando com outros manifestantes pareceram suficiente para os porta-vozes do governo, que com o argumento da “intervenção estrangeira” passearam por todos os canais panamenhos para deslegitimar as demandas dos indígenas da etnia Ngäbé Büglé, que criticam as mudanças ao código mineiro aprovadas no dia 11 de fevereiro.

O presidente Martinelli expressou esta ideia durante todo o fim de semana: afirmou que existem interesses de estrangeiros, ecologistas e movimentos radicais por trás destes protestos, que tem convoca

Mas as autoridades não utilizaram apenas a contraofensiva midiática. Os grupos anti-motim reprimiram os indígenas com bombas lacrimogêneas, balas de chumbo e de borracha. As forças de segurança agiram“sem levar em conta as crianças, anciãos e mulheres que vêm realizando ações desde quinta-feira 24 na via panamericana”, conforme Radio Temblor.

“Com estas repressões e detenções por causa das reformas mineras, fica claro que o governo nacional dirige sua política arbitraria e demagógica para aqueles que divergem com sua forma de governar, debilitando assim a pouca democracia e a participação cidadã a um estado de terror”, indica um comunicado da emissora, que faz parte do coletivo Voces Ecológicas.

Na manhã de hoje, segunda-feira 28 de fevereiro, a agência Prensa Latina informou que ontem à noite a Coordenadora pela defesa dos recursos naturais e o direito do povo Ngäbé Büglé e o governo panamenho teriam chegado a um acordo de seis puntos que deixaria em suspense as medidas de força previstas para esta semana.

O presidente Martinelli afirmou à imprensa local que as negociações com a delegação governamental vão continuar amanhã.
Foto: Radio Temblor