O acampamento, montado nos arredores do ginásio Nilson Nelson, é por tempo indeterminado. Estas ações fazem parte da Jornada Nacional de Luta pela Reforma Agrária da Via Campesina Brasil, que desde a segunda-feira diversas manifestações em 17 estados do país.

As principais demandas da Via Campesina Brasil são o assentamento das mais de 60.000 famílias do Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) acampadas no país, a renegociação das dívidas dos pequenos agricultores e o aumento do orçamento do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA).

Conforme o MST, os fundos do INCRA para a expropriação de terras improdutivas e sua concessão a trabalhadores rurais em 2011 já foram utilizados e está previsto um corte de mais de 60 milhões de reais (cerca de 37 milhões de dólares) para o ano que vem.

Existem famílias de trabalhadores rurais acampadas no Brasil debaixo de lonas à espera de seu assentamento há mais de cinco anos, alertou à agência informativa Adital o camponês José Batista de Oliveira, integrante da coordenação nacional do MST e da Via Campesina. Os trabalhadores do campo exigem um programa de expropriação de grandes latifúndios improdutivos, além da garantia de um eficiente plano de assentamento.

A reforma agrária “é um dos principais meios de desenvolver nosso país, pois democratiza a terra, gera empregos diretos, moradia e produção de alimentos, superando a miséria no interior do país e o inchaço dos grandes centros urbanos”, disse Batista. “Um programa sério de reforma agrária” permitir à população do interior do país ter “acesso à saúde, educação, lazer, tecnologia, comunicação e infraestrutura”, necessidades que hoje não lhe são garantidas, acrescentou.

Enquanto isso, o economista João Pedro Stédile, principal referente do MST, disse na segunda-feira no acampamento em Brasília que “de todas as terras do Brasil, 85 porcento delas tem hoje só quatro produtos: cana, milho, soja e pecuária extensiva, e os camponeses ficam com 15 porcento das terras para poder alimentar o povo. Porque esses quatro produtos são todos para exportação”, assinalou Stédile conforme o MST.

Foto: MST