14 de diciembre de 2012 | Informes especiales | Agua | Foro Social Mundial Palestina Libre | Anti-neoliberalismo | Derechos humanos
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A intenção era apresentar uma temática extremamente sensível a todo o planeta: a questão da privatização dos bens comuns. A mesa contou com a participação de Tilda Rabi – presidenta da Federação de Entidades Argentino-Palestinas; Fernando Campos Costa – Amigos da Terra Brasil –; Julieta Aual – FederPal Argentina e mediadora da mesa; e Adolfo Francisco Ruiz – Engenheiro Civil da Associação de trabalhadores do Estado Argentino.
A empresa
A Mekorot, estatal israelense, possui diversos contratos com municípios em todo o mundo. De acordo com a Federação Palestina Argentina, a estatal privilegia-se da invasão de Israel sobre terras palestinas, pois isso permite o avanço de suas instalações para além da linha verde – delimitação das fronteiras entre Israel e Palestina.
Além disso, ainda segundo a Federação, a Mekorot administra regimes diferenciados de abastecimento de água para palestinos e israelenses, através de, inclusive, diâmetros de canos de água de tamanhos menores para os palestinos, resultando em um consumo de água acentuadamente reduzido por parte dos habitantes da Palestina, obrigados a consumirem água dessa empresa. Dados apresentados durante o fórum pela organização Al Haq e pela campanha Sede por Justiça revelaram que o consumo de água dos palestinos gira em torno de apenas 70 litros, enquanto o dos israelenses está entre 300 e 500.
A propaganda contra água
Os debatedores discutiram a respeito da difusão de uma verdadeira operação de terrorismo com relação à água. Eles ressaltaram os esforços constantes de se promover uma propaganda negativa que afirma a baixa qualidade da água disponível para a população mundial e o reforço à distorção de considerá-la como uma fonte finita.
O primeiro alarde reforça e legitima uma política de crescente mercantilização dos bens comuns. Desse modo, a água perde seu caráter de direito para tornar-se um produto passível de ser comercializado. Isso porque, uma vez que a população crê na incapacidade de seus governos locais de proporcionarem uma água segura e de qualidade, a alternativa de privatização ou terceirização torna-se cada vez mais convincente. O segundo alarde – o qual ignora o fato de que vivemos em um ambiente em que o elemento água passa por um ciclo, atravessando vários processos e retornando ao seu estado inicial – colabora para que seja considerado aceitável países com imensas reservas de água em seu território optarem pelo consumo de água privatizada, sem questionamento.
A Argentina – em conjunto com Paraguai, Uruguai e parte do Brasil – compõe o território da maior reserva subterrânea de água doce do mundo, o Aquífero Guarani. No entanto, assim como em tantos outros países ricos em fontes de água, a população é assolada pela ideia de finitude desse recurso indispensável à vida. A imposição do medo faz com que a prática de se mercantilizar esse bem de preço inestimável seja legitimada de forma irrefletida pela sociedade.
De acordo com o Engenheiro Civil Adolfo Francisco, “se compartilhássemos a água do Rio da Prata seria possível abastecer toda a população mundial”. Ou seja, a única questão envolvendo a garantia de disponibilidade de água para toda a população mundial diz respeito, tão somente, aos incentivos e fiscalizações necessários para a preservação das fontes de água e zelar por formas equitativas de distribuição desse recurso. Contudo, além da privatização, essas fontes são constantemente degradadas, principalmente pelas atividades agroindustriais.
Ação
Seguindo a perspectiva central das propostas do Fórum Social Mundial da Palestina, focadas nas possibilidades efetivas de boicotes, desinvenstimento e sanções contra Israel, Tilda Rabi explicitou várias vezes a importância não só dos países do Mercosul (Mercado Comum do Sul), mas também dos da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) de não negociarem mercadorias com países responsáveis por crimes de guerra.
“Mekorot é uma empresa estatal de Israel que foi fundada antes da criação do Estado de Israel, em 1948. Isso quer dizer que o projeto de águas é fundamentalmente uma parte da colonização e os israelenses consideram esse tema dentro da Palestina como uma questão de segurança nacional”, afirmou Tilda.
Além disso, a presidenta da Federação de Entidades Argentino-Palestinas alertou para o interesse da estatal israelense em estabelecer-se, inclusive, na cidade sede do fórum, na capital do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. Para ela, além das ações envolvendo a mobilização, é preciso que haja uma instrumentalização da resistência, no sentido de obter reforço de áreas como o judiciário, por exemplo.
Matéria realizada por André Guerra- Comunicação da Amigos da Terra Brasil
Foto: André Guerra
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