8 de noviembre de 2011 | Noticias | Derechos humanos | Industrias extractivas
O movimento ambientalista do Valle de Siria en Honduras, no departamento de Franciso Morazán, e o doutor Juan Almendares desse país, estão denunciando problemas na saúde da população da zona pela operativa ali da mineradora Entre Mares, filial da gigante canadense Goldcorp.
Há quatro anos o Comitê Ambientalista do Valle de Siria fez esta denúncia, mas não obtiveram resposta das autoridades. Estudos médicos realizados em 2007 com 62 pessoas de três municípios de Valle de Siria indicaram que todas tinham presença de metais pesados no sangue, pelas altas concentrações na zona de cianeto, chumbo, mercúrio e arsênico. O nível de chumbo no sangue encontrado nas pessoas estudadas excedeu o permitido pela Organização Mundial da Saúde.
Agora, os ambientalistas da região e Almendares voltam a realizar as denúncias em nível nacional e internacional. Um comunicado de imprensa da Via Campesina Honduras indica que Entre Mares e o governo de Porfirio Lobo, sucessor da Ditadura, “ocultam informação sobre pessoas atingidas pela mineração”.
Conforme a Via Campesina Honduras, Entre Mares começou a funcionar em 2000 e fechou em 2008, mas causou estragos na saúde da população dos municípios de Cedros, San Ignacio e El Porvenir, todos em Valle de Siria. As famílias atingidas continuam sofrendo as consequências da contaminação da mineração e nunca foram, indenizadas. Os estudos realizados por especialistas estipulam que a contaminação que existe na zona onde operou a filial de Goldcorp e lugares próximos durará mais de 100 anos.
O doutor Almendares, fisiologista, pesquisador, ex-reitor da Universidade Nacional Autônoma de Honduras, e um dos principais referentes do Movimento Madre Tierra – Amigos da Terra Honduras, sente “o compromisso humano e ético de dizer a verdade” sobre o que está acontecendo em Valle de Siria. Conforme o comunicado da Via Campesina Honduras, o especialista afirma que as pessoas atingidas não têm recebido atenção médica e “têm sido excluídas por uma empresa (Entre Mares) que às custas de lágrimas e dor tem escavado o cérebro, a alma, o espirito dos condenados deste valle”. “Queremos que haja justiça, que estes compatriotas sejam indenizados por parte desta empresa, os danos às comunidades de Valle de Siria são bilionários”, acrescentou.
O doutor Almendares pediu ainda às autoridades hondurenhas que seja investigada a morte prematura de uma menina de 9 anos em uma das comunidades. A criança tinha chumbo no sangue. Também exigiu que sejam estudados casos de doenças, abortos e nascimentos com deformações na região, e que se defina um plano de atenção médica conforme os sintomas das pessoas atingidas.
Por sua vez, a prefeito de El Porvenir, Luis Rubí, afirmou que “existem muitas pessoas em comunidades de nosso município que apresentam doenças na pele, no crânio, nas vias respiratórias”. “Como prefeito e autoridade em nosso município nos gera muita preocupação que a saúde de nossa gente de Valle de Siria esteja se deteriorando, por causa da mineração que houve nessa zona”, acrescentou. Rubí manifestou que devem ser dadas as garantias de saúde para a população e exigiu “justiça para as atingidas e atingidos de Valle de Siria”.
Foto: Enviada pelo Movimento Madre Tierra – Amigos da Terra Honduras.
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