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20 de Maio de 2013 | | | |

Espaço de unidade

Solidariedade com a Colômbia rumo a uma paz com justiça social foi priorizada pela articulação de movimentos sociais rumo a ALBA em sua Assembleia Continental

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A prática de uma solidariedade ativa e de um novo tipo, em um internacionalismo dos movimentos sociais e redes regionais com os processos de luta nacionais, tem sido um dos pilares que desde o inicio inspiram a articulação de movimentos sociais rumo a ALBA, cuja primeira Assembleia termina nesta segunda-feira 20 de maio em São Paulo.

Um grupo de trabalho dentro da Assembleia Continental, que funcionou durante a sexta-feira 17 e sábado 18 concluiu que o exercício dessa solidariedade através de missões de acompanhamento, mobilizações nacionais e comunicação em convergência é a prioridade dessa articulação.

O acompanhamento solidário à Revolução Bolivariana, primeira inspiradora da ALBA, bem como do processo social que visa uma paz duradoura e justa na Colômbia, foram considerados os primeiros objetivos da solidariedade, neste domingo no plenário da Assembleia Continental que reúne cerca de 160 delegadas e delegados de 22 países.

Rádio Mundo Real, presente na Assembleia realizada na Escola Nacional Florestan Fernandes nos marcos da convergência de meios de comunicação dos movimentos sociais, conversou com representantes dos dois processos colombianos que visam fazer um caminho social em comum rumo à paz: o Congresso dos Povos e a Marcha Patriótica, que integram o capítulo nacional desta articulação.

Os porta-vozes de ambas organizações destacaram que o espaço social da ALBA representa uma oportunidade para enriquecer o processo nacional com contribuições regionais, fornecendo assim a unidade interna dentro da Colômbia, sem perder diversidade.

Rádio Mundo Real conversou com Marylena Serna, porta-voz do Congresso dos Povos e logo com Maurício Ramos que faz parte da representação internacional da Marcha Patriótica.

Eles contaram quais são os motivos pelos quais o governo de Juan Manuel Santos destaca a necessidade de colocar um fim ao conflito armado e afirmando também que isso tem a ver com o interesse de controlar o território e os bens comuns como a terra, energia, mineração e rios.

Criando um novo modelo de vida

Marylen, que integra o Coordenador Nacional Agrário (CNA, parte da CLOC-Via Campesina), considerou que é preciso “tomar da experiência de outros países, mas também contribuir a partir da experiência que estamos desenvolvendo na Colômbia”.

“Além de resistir nos territórios e avançar em nível local, estamos produzindo lutas nacionais que estão colocando no debate um novo modelo de vida. É necessário fazer com que essas propostas dialoguem e se ampliem para o continente”, afirmou a dirigente camponesa do Cauca, destacando ainda a necessidade de participação dos movimentos sociais na construção da paz.

Mauricio Ramos também considerou que as mesas de negociação na Havana entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e o Estado colombiano não esgotam o diálogo, já que existem atores insurgentes não representados ali.
“A procura da paz com justiça social que temos na Colômbia, e que esta articulação toma como própria, é um sinal muito importante para os povos do mundo”, afirma Maurício, proveniente de Antioquia.

“Viemos dizer que a paz na Colômbia se atinge desde que exista justiça social, e que isso significa colocar no debate público os principais problemas que possui o país”, afirma a dirigente do CNA e como exemplo falou da posse da terra, a educação, a saúde pública, o controle de territórios.

Se isso for atingido, diz Marylen, será porque os privilégios das minorias poderosas colombianas serão tocados. Elas reagirão, e por isso é necessária ainda mais a solidariedade ativa.

Maurício acrescenta que a Colômbia é um país importante para o conjunto dos problemas do continente e é por isso o conjunto dos movimentos sociais tem se apropriado deste tema.

Unidade na ALBA

Sobre a unidade daqueles que lutam pela justiça e a paz na Colômbia, ambos representantes colombianos consideram que esta articulação é um espaço que apontará para essa unidade.

Maurício não oculta as divergências metodológicas e ideológicas, e Marylen complementa que mesmo que existam “diferentes formas de construir, precisamos de uma unidade na diversidade”. “Para nós é um espaço para ter como referência em nossos processos nacionais, nesse sentido contribui muitíssimo, e de forma significativa para nos enfrentarmos à política de nossos inimigos de classe com possibilidades de vencer. (…) O primeiro que deve-se construir é a confiança e estamos avançando nisso”, afirmou Mauricio.

A dirigente do Cauca destaca que apesar de ter sido terrivelmente reprimido a fogo e sangue, os movimentos sociais na Colômbia têm permanecido firmes nos territórios e em suas reivindicações. Assim comentou que a Rota Social Comum para a Paz é precisamente um espaço onde fazer dialogar as estratégias e metodologias que diversos setores reivindicam atualmente no país.

Porque agora?

Como Ministro de Defesa de Álvaro Uribe, o atual presidente Juan Manuel Santos esteve longe de ser um “pacifista”. Administrando planos de intervenção como o Plano Patriota, parece decidido a fechar seu mandato desmobilizando os principais grupos insurgentes (FARC e Exército de Liberação Nacional, ELN).

É o que entendem os dirigentes colombianos presentes na Assembleia Continental da articulação de movimentos sociais rumo à ALBA. Maurício afirma que o objetivo tático do Estado é eliminar militarmente a insurgência armada. E por outro lado, nega-se com firmeza a julgar militares e paramilitares por suas responsabilidades na violação de direitos das populações urbanas.

Para Marylen “as condições de paz que precisam tem a ver com facilitar para as transnacionais, com a intervenção delas em todos os sentidos”. No mesmo sentido, Maurício conta que a “locomotiva do desenvolvimento minerador energético” promovida pelo Poder Executivo é interrompida precisamente pela existência da insurgência armada. Eliminar esse obstáculo é, para ele, o verdadeiro motivo das tentativas de diálogo.

Foto: R. Stédile

(CC) 2013 Radio Monde Réel

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